Resistência e Superação: os sentidos da luta das mulheres por Igualdade de Oportunidades

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A luta por igualdade de oportunidades é uma das mais conhecidas pelas mulheres no mundo todo há tempos. Basta lembrarmos do próprio acontecimento que demarcou o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher, há cem anos, quando operárias em greve foram aprisionadas na fábrica e queimadas vivas por seus patrões. Nesse sentido, como já temos dito reiteradas vezes, a data não remete a uma simples comemoração, mesmo diante dos avanços produzidos pelas lutas dessas e de tantas outras, pois como bem nos lembrou uma das integrantes do Coletivo, “o dia da mulher é todo dia”, porque as ações empreendidas no cuidado com as pessoas ao nosso entorno são, sem dúvida alguma, essencial para a sustentabilidade da vida humana no planeta.


Pensando nisso, o Coletivo de Gênero, Raça e Diversidade Sexual do SEEB/CE – ainda predominantemente formado por mulheres – no seu 3º ano de existência, engaja-se na Campanha que coloca o tema da Igualdade de Oportunidades em evidência na agenda sindical, principalmente no caso das mulheres bancárias, que têm em suas mãos mais um instrumento de luta e reivindicação chamado Mapa da Diversidade nos Bancos. Em síntese, o documento comprovou as múltiplas faces da discriminação nos bancos brasileiros, o que já vinha sendo denunciado há décadas pelos trabalhadores do setor.


Segundo a pesquisa, 19,5% dos bancários são negros ou pardos, e ganham, em média, 84,1% do salário dos brancos. Só 8% da categoria é composta por mulheres negras, enquanto os deficientes não ocupam sequer a cota de 5% de vagas exigida por lei. As mulheres, que representam quase a metade da categoria, ganham 78% do salário dos homens. Além disso, quando as mulheres estão nos cargos de gerência, recebem a remuneração em média 10% menor.


Importante notar que a discriminação não ocorre somente nos locais de trabalho, mas perpassa outros setores da sociedade e está arraigada à matriz de pensamento do povo brasileiro – afinal, somos fruto de um colonialismo perverso, que instituiu uma democracia da qual só pudemos participar de forma efetiva a partir de 1932, quando nos foi assegurado constitucionalmente o direito de votar e ser votada.


Nessa caminhada, muitas são as mulheres que merecem destaque pela coragem e determinação no enfrentamento dos desafios de seu tempo. Entre elas, destacamos esse ano a primeira presa política brasileira, Bárbara Pereira de Alencar, heroína cearense que protagonizou, juntamente com seus filhos, a revolução de 1817, na cidade do Crato, movimento que objetivou a independência do Brasil bem antes do “grito do Ipiranga”. Ao olharmos para o seu exemplo de vida entendemos como o amor é capaz de guiar os revolucionários por caminhos tortuosos, mas cuja luta está embasada na intensa busca pelos ideais republicanos de igualdade, liberdade e fraternidade entre as pessoas.


É por essas e outras que as palavras “resistência” e “superação” enunciam os sentidos das nossas lutas e estão carregadas de significado, pois atravessam o tempo longo da história e trazem para o plano real os sonhos e anseios de um outro mundo possível e que já está sendo construído em cada pequena ação nossa de cada dia, ainda que não nos demos conta disso.


Para aprofundar as nossas reflexões sobre o tema Igualdade de Oportundiades planejamos uma semana de mobilização nas agências bancárias e na Rádio Bancários, quando estaremos divulgando a atividade reflexiva-vivencial que acontecerá no próximo dia 5 de março, às 19 horas, no SEEB/CE, momento em que teremos boa música, dança, poesia e toda a riqueza cultural do Grupo Samba de Rosas.


Com isso, desejamos que a vivência preparada para celebrarmos o nosso dia possa nutrir e instruir a sensibilidade, a fim de que possamos fazer a diferença nos espaços onde atuamos, tornando-os menos áridos e mais criativos, algo que só a arte é capaz de expressar com gestos, palavra, corpo e encanto.


Sejamos Felizes!


Feliz Dia Internacional da Mulher.