Estamos acompanhando o andamento do clima organizacional nas agências do Banco do Brasil. Há denúncias as mais diversas sobre o “método” administrativo utilizado em determinados locais de trabalho. Entendo a impaciência e a agonia de muitos, mas é preciso tomar alguns cuidados com esse tipo de situação. Temos conversado com pessoas, e, continuado a receber denúncias. Por que é preciso cautela? Porque o assédio moral é hoje uma tônica dentro das empresas, e profundamente complexas são as suas causas! É vertical e atinge toda a sua estrutura de comando. Está levando a relação social que existe nas organizações à total e completa decrepitude. Os indivíduos, capitalistas (ou seus prepostos) e trabalhadores, estão sempre sob ameaça de abstrações despóticas e incontroláveis.
A cultura do dinheiro, a persecução frenética dos resultados, “leva os quatro pilares ideológicos, jurídicos e morais do alto capitalismo – constituições, contratos, cidadania e sociedade civil – a serem, hoje, vadios maltrapilhos, mas sempre lavados, barbeados e vestidos com roupas novas para esconder sua verdadeira situação de penúria”.
Partindo da afirmação Marxista, a consciência dos homens foi solapada. Internalizada a tese do capital, agem feito máquinas a ferir os demais sujeitos da relação social em questão, e isso lhes faz muito mal! Não é incomum escutar, sob pedidos de sigilo, depoimentos de parentes próximos de gerentes, postos efetivos, caixas, ou até mesmo dos próprios, sobre há quantas noites não dormem; de quantas vezes acordaram no meio dela e ficaram “zanzando” pela casa sem sono; que nos seus sonhos – os que dormem bem – consórcios, ourocaps, seguros, contas, cartões, são presença obrigatória; úlceras, LER/DORT escondidas, crises de choro e etc. Os que se aposentam, sobem apressados a escada que leva ao departamento jurídico do sindicato, com largo sorriso e expressão de alívio, e desabafam: graças a Deus, paz!
Tenho plena consciência que as pessoas não querem ouvir teses, ou razões sócio-antropológicas sobre o problema. Quem está com fome quer, naquele momento, comer, não importando que razões o levaram à situação. Temos procurado através da negociação junto às instâncias superiores dar solução ao problema. Acredito nas pessoas com quem tenho conversado, negociado. Em muitos casos temos conseguido melhorar significativamente o quadro dessa forma. Todavia não vamos abrir mão de cumprir o nosso papel de forma mais incisiva.
Sérgio Braga – presidente do Sindicato dos Bancários de Alagoas, diretor da Contraf-CUT e membro da Comissão de Empresa do BB