Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará
Estamos em meados de janeiro, primeiro mês do ano, e os desafios que a categoria bancária deve enfrentar nesse novo governo já estão se mostrando. A defesa dos bancos públicos e de sua atuação como agentes de desenvolvimento será uma das principais bandeiras do movimento sindical bancário em 2019.
A posse dos novos presidentes do BNDES, Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, ocorrida no dia 7/1, com a presença do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, acendeu o sinal de alerta. Em todos os discursos, uma só cantiga: cortar e vender tudo o que se puder.
O novo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, já chegou reafirmando que pretende fatiar o banco, através de abertura de capital das operações de Cartões, Loterias, Asset e Seguros, para saldar “dívida” de R$ 40 bilhões com o governo federal em até quatro anos. Dinheiro esse que, na verdade, é originário de aportes financeiros do governo federal em outros governos que possibilitou à Caixa fortalecer sua atuação social em diversos programas que favoreciam, sobretudo, a parcela mais necessitada da população brasileira. Logo, as afirmações de Guimarães ignoram a contribuição do banco para o país e colocam em risco as funções sociais dessa empresa pública.
Um dos principais alvos da nova gestão da Caixa será o crédito imobiliário. Hoje, a Caixa financia 90% da habitação popular no país. Entretanto, Guimarães afirmou durante sua posse que clientes de classe média vão pagar juros de mercado no financiamento habitacional. Ele disse ainda que o banco vai vender carteiras de crédito imobiliário e que a Caixa “vai passar a ser uma originadora imobiliária, mais do que reter crédito no balanço”. Por sua vez, as intenções privatistas e de aproximação da Caixa de uma lógica de mercado, com a implosão de sua função social, não prejudica somente a população e o desenvolvimento do país, mas também ameaça os direitos e empregos dos empregados. Grande parte do quadro da Caixa atua nas suas funções sociais. E conquistas como a PLR Social estão relacionadas com essas funções. Defender a Caixa 100% pública é também defender os empregos, direitos e condições de trabalho dos empregados do banco público.
A situação do Banco do Brasil não é diferente. Agora está no seu comando o neoliberal Rubem Novaes, que já deu declaração reforçando sua intenção de privatizar ativos do banco. A visão neoliberal novamente tomou conta do banco a partir de 2016, quando o golpista Temer assumiu. O banco público cortou 10 mil vagas, por meio de dois planos de demissão voluntária e encerrou as atividades de 670 unidades bancárias.
O BB é responsável por financiar a agricultura familiar por meio do Pronaf, que responde por 70% da produção de alimento consumido pelos brasileiros, a juros que variam entre 2,5% e 5,5% ao ano. Sem essa taxa mais baixa, os agricultores teriam de tomar empréstimos nos bancos privados, que cobram até 70% de juros ao ano, o que, invariavelmente, iria encarecer o custo dos alimentos consumidos pelos brasileiros. Mas Novaes já demonstrou seu desprezo pela atuação da atuação do Estado na Economia. Após a cerimônia de posse, o novo presidente do BB afirmou que a orientação do governo é reduzir o subsídio no crédito rural.
Está claro que, com todas essas orientações, quem vai se favorecer é o mercado. Os bancos privados sempre estão à caça de consumidores para seus produtos e estiveram, durante todo o processo eleitoral, apoiando esse plano de governo. Agora, cobram os dividendos.
Como esperávamos, teremos pela frente um período no qual será necessária muita mobilização e unidade e, principalmente, resistência, para que privatistas não dilapidem o patrimônio do povo brasileiro. Não nos iludamos, será uma tarefa dificílima. Mas nós nunca fugiremos à luta! Seguiremos juntos!