SEEB/CE faz ?arrastões? para denunciar intransigência dos banqueiros

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Um arrastão de mobilização. Foi isso que os dirigentes do Sindicato dos Bancários do Ceará realizaram na última quinta-feira, 17/9, em Fortaleza, com o objetivo de conscientizar e informar clientes e funcionários sobre a corrente situação da Campanha Salarial da categoria. De 10h às 13h, eles visitaram 13 agências localizadas em três importantes bairros da capital, Parangaba, Montese e Benfica. Mesclando palavras reivindicatórias com muito humor, os dirigentes deixaram a sua mensagem para a população, que a absorveu com clareza.

Na primeira unidade visitada, a Caixa da Rua 7 de setembro (Parangaba), uma fila quilométrica podia ser avistada. Não era difícil encontrar clientes indignados com a situação a que estavam sendo submetidos. Por esse motivo, as falas dos dirigentes se concentraram no assunto. O diretor do Sindicato, Clécio Morse, exigiu o cumprimento da lei estadual de filas, um aumento no número de agências e novas contratações. “Queremos a contratação de 16 mil trabalhadores em nível nacional. Os clientes e os empregados da Caixa merecem respeito”, disse.


Na ocasião, o presidente do SEEB/CE, Carlos Eduardo Bezerra, também cobrou melhorias salariais e a garantia de direitos trabalhistas. “Queremos segurança, saúde e igualdade de oportunidades. Precisamos de qualidade no trabalho para atendermos melhor”, declarou. Mas o ato não teve apenas afirmações sérias: a personagem Quitéria, interpretada pelo ator Carlos Alves, deu o tom cômico. O artista brincou com todos os presentes, sempre escolhendo um bancário como exemplo para descrever a atual péssima condição de trabalho de cada um deles.


Posteriormente, o “arrastão” passou por mais três unidades bancárias da rua: Itaú, Bradesco e Banco do Brasil. Em todas elas, os dirigentes explicaram as reivindicações específicas de cada um dos bancos. No Bradesco, por exemplo, o diretor do Sindicato e funcionário da empresa, Telmo Nunes, repudiou a prática de demissões que vem sendo adotada pelo banco no Estado. Já no BB, o diretor do SEEB/CE e funcionário do banco, Bosco Mota, cobrou um Plano de Cargos e Salários, além de um plano odontológico adequado, dentre uma série de outras exigências.

A mobilização continuou na Avenida Gomes de Matos, no Montese, onde foram visitadas mais oito agências. Dentro das unidades, os dirigentes fizeram questão de esclarecer que as quatro rodadas de negociação com a Fenaban ainda não haviam obtido um resultado satisfatório e que a probabilidade de uma greve da categoria era grande. As denúncias das arbitrariedades dos banqueiros pelos dirigentes do Sindicato dos Bancários do Ceará na última quinta terminaram na unidade do Banco do Brasil do Benfica, em que, mais uma vez, tiveram o apoio dos funcionários e dos clientes.

A população de Fortaleza também teve voz na mobilização do SEEB/CE. Eles reiteraram as reivindicações dos dirigentes sindicais



A doméstica Andréa Cristina Oliveira, 36 anos, reclamou das longas filas nas agências da Caixa Econômica Federal. Esperando há mais de uma hora e meia para ser atendida, ela declarou: “uma coisa dessas é abusiva. Ficar no sol por um tempão é um absurdo. As horas que eu perco aqui tenho que pagar no trabalho”.

O representante comercial Antônio de Pádua, 43 anos, definiu como “justa” a reivindicação do Sindicato. Ele se mostrou indignado com o atendimento e as altas taxas bancárias do Banco do Brasil. “Mesmo pegando uma senha antes de entrar no banco, a gente tem que esperar na fila. Esse sistema fez foi piorar”.

A funcionária pública Gilcilene Freitas da Silva, 32 anos, cliente do Bradesco, pediu uma maior agilidade no atendimento e disse estar preocupada com a falta de segurança no banco. “Não me acho segura. Aliás, esse é o local em que me sinto mais desprotegida”.

Para o vendedor Alexandre Amaral, 37 anos, “a luta dos bancários é justa”. “Espero que não chegue ao ponto de greve, mas se for necessário…”, acrescentou. Cliente do Unibanco, ele reclamou do número reduzido de funcionários e declarou: “os bancos só querem saber de lucrar”.

A mobilização continua na Bezerra de Menezes

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Dando prosseguimento à mobilização em torno da Campanha Salarial, os bancários realizaram outro “arrastão”, desta vez ao longo de toda a Avenida Bezerra de Menezes, um dos mais movimentados corredores comerciais da cidade. O momento mais uma vez foi de diálogo com a população e os funcionários durante as paradas em nove agências bancárias do Itaú, Bradesco, HSBC, BNB, BB e Caixa. Com a peça “O viajante do tempo”, da Trup Tramas de Teatro, a mensagem de necessidade de união para obter conquistas foi passada para os clientes.


A Fenaban apresentou uma proposta para os trabalhadores na quinta-feira, 17/9. Entretanto, a Federação propôs um aumento de apenas 4,5% (os bancários estão pedindo 10%, para que tenham aumento real de salário), sem valorização dos pisos e com redução da PLR. O presidente do Sindicato dos Bancários, Carlos Eduardo Bezerra, considerou insuficiente a resposta dos banqueiros e conclamou a todos os trabalhadores para participar da assembleia que acontecerá na quarta, 23/9, às 19 horas, na sede do Sindicato. Nesse momento, a categoria deliberará acerca da greve.


Os diretores do Sindicato explicaram que não há crise nos bancos, pois, como disse o diretor Bosco Mota, o lucro do Banco do Brasil, por exemplo, no primeiro trimestre do ano, foi de R$ 4 bilhões, e essa realidade se repete nas outras instituições bancárias.