A Literatura de Cordel, gênero literário de forma rimada, tipicamente nordestina está sendo usada pelo Sindicato dos Bancários do Ceará para protestar contra a postura dos bancos durante a greve nacional dos bancários. Na última segunda-feira, 3/10, o Bradesco conseguiu um interdito proibitório na tentativa de ameaçar o movimento grevista. O Cordel mostra “A peleja do monstro Presença para derrotar a deusa greve”. Outros dois cordéis foram criados para o BNB e Itaú, e mais três serão produzidos envolvendo o Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Para o autor do Cordel, Tomaz de Aquino, diretor de Imprensa do Sindicato dos Bancários do Ceará e coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB, “precisamos usar a criatividade como forma de sensibilizar os bancários que ainda não aderiram à greve e protestar contra as praticas antissindicais dos bancos”.
O cordel está sendo utilizado pelo Sindicato durante a greve dos bancários no Estado como instrumento de protesto e de mobilização, além de denunciar à sociedade as práticas antissindicais cometidas pelos Bancos durante a greve nacional da categoria.
Tomaz de Aquino criou os Cordéis para o Banco do Nordeste – “A incrível estória do Conterrâneo que não pagava promessas” e para o Itaú – “A Saga do Pererê contra o Personalitè”.
Confira os Cordéis do Bradesco, Banco do Nordeste e Itaú no site do Sindicato – www.bancariosce.org.br ou clique na imagem para baixar a versão em PDF.
BRADESCO
Lá na cidade de Deus
Que mais parece um inferno
Fica a sede do Bradesco
Banco que se diz moderno
Mas recorre ao interdito
Instrumento medieval
Para acabar com a greve
Direito mais que legal
“Presença” ele se intitula
Tirando uma de bonzinho
Que diz atender a todos
Do ricaço ao pobrezinho
Na verdade o que ele almeja
e busca a todo vapor
é o rico dinheirinho
do barão, do camelô
Prá continuar explorando
O povo e a categoria
inventa tarifa nova
E meta prá todo dia
Demite trabalhador
Faz bancário de vigia
Cobra trabalho noturno
De olho na mordomia
Agora em tempo de greve
Afronta a democracia
Em conchavo com a justiça
Pratica estripulia
Impedindo o Sindicato
De chegar perto da agência
Prá realizar seu trabalho
Com harmonia e decência
Lucrou quase 4 bi
Só no primeiro semestre
Encheu as burras de novo
Isso sempre acontece
Paga piso miserável
Lucro não quer repartir
E o direito de greve
Agora quer coibir
Mas bancário não é besta
População também não
Prá engolir a conversa
Fiada de tubarão
Com o Sindicato do lado
Vamos partir afiados
Prá buscar o que é nosso
Honrar o nosso quinhão
A greve se mantém forte
E vai ficar muito mais
Quando os bancários e o povo
Mandarem esse Caifás
Que atende por “Presença”
Sem peso na consciência
Sem carta de indulgência
Pros braços de Satanás
Vou terminar minha prosa
Pedindo à população
Que apóie a justa luta
Dos bancários da Nação
Que querem o Banco pro povo
Com crédito de baixo custo
Sem fila e sem enganação
Pagando salário justo.
Desenvolver o Nordeste
É tarefa gloriosa
Requer muito compromisso
E uma equipe bem fogosa
Que trabalhe com afinco
De nada tenha receio
Não fique só na intenção
Pois dela o mundo tá cheio
Diz o Banco do Nordeste
Desenvolvimento é marca
Isto é muito interessante
Se não passar de arruaça
Prá cumprir o prometido
É preciso autonomia
Para enfrentar o DEST
E garantir a ISONOMIA
Depois de 50 anos
Em busca de igualdade
O chamado Conterrâneo
Não tornou realidade
Esse desejo do povo
Pois o exemplo não deu
Paga às chefias mais altas
Dez vezes mais que um plebeu
Implantou um PCR
Que já nasceu com defeito
Pois o salário de ingresso
É tão baixo e rarefeito
Que nem mesmo uma revisão
Do jeito que está proposta
Conserta o pobre mostrengo
Prá ficar como se gosta
Se a desigualdade hoje
Não chega a ser corrigida
Como viver no futuro
Com a previdência engolida?
Esse sistema é perverso
E desconhece a valia
Que tem para quem trabalha
Sua aposentadoria
Se a luta exige greve
E o trabalhador adere
Vem logo assédio moral
Que no processo interfere
Chefe antes piqueteiro
Esquece do seu passado
Ameaça o dia inteiro
O servidor engajado
Já a Direção do Banco
Diz o ponto vou cortar
Quem tiver paralisado
As horas vai compensar
Sindicato não aceita
Tamanha perseguição
Remédio prá intolerância
É mais paralisação
Bancário benebeano
Já tomou a decisão
E manda aviso pro Banco
Não quero só Convenção
Só saio da greve agora
Se acabar a enrolação
Prá isso conta com o apoio
De toda a população
O Itaú diz que é banco
Feito só para você
Não sei a quem se refere
Nem o que isso quer dizer
Sei que a conversa é bonita
Estória para inglês ver
Mas só trouxa acredita
No tal personalitè
Sempre de dedo apontado
E com sorriso maroto
Lucrou mais de 6 bilhões
E ainda acha pouco
Desconta o programa próprio
Do lucro que distribui
Manda bancário prá rua
Comer ovo com cuscuz
Paga salário de fome
Mas exige aparência
Pobre é muito difícil
De entrar na sua agência
Diz que é Itaú de vantagens
Só se for prá suas nêgas
Pro trabalhador coitado
Só dá o pão sem manteiga
Quando comprou o Unibanco
Disse não vou demitir
Pensando que o povo crê
Em estória prá boi dormir
De uma lapada só
Foi mais de mil companheiros
Sua promessa foi em vão
Pois só respeita o dinheiro
Era de uma família só
Hoje se divide em duas
Setúbal, Moreira Sales
Mas a farra continua
Vive esbanjando adoidado
Pro povo só dá esmola
Mas com a greve vai ter troco
Sindicato mete a sola
Ganhou prêmio ambiental
Vive se gloriando disso
Mas na chibata é o tal
Não assume compromisso
A sustentabilidade
Trata como palavrão
Engana os abirobados
Mas nós não engana não
Divide a população
Em cliente e usuário
Pro rico só mordomia
O pobre faz de otário
Mas está chegando a hora
Do povo se rebelar
Apoiando a nossa greve
Prá situação mudar
Vou findar nossa conversa
Fazendo a conclamação
De apoio à justa greve
Dos bancários da Nação
Que lutam por menos filas
E melhor atendimento
Quem quiser se engajar
Venha logo, este é o momento