Semiárido agoniza com mais uma seca

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O homem e a mulher do campo enfrentam dificuldades com a estiagem. A sobrevivência da população e do rebanho está comprometida com a maior seca dos últimos 50 anos. Os reservatórios do Ceará estão abaixo da capacidade de armazenamento de água. Por isso, municípios com os maiores açudes do Estado, como Banabuiú, Jaguaretama, Orós, Nova Jaguaribara, estão sendo abastecidos por carro-pipa. As fontes de alimentação humana e animal também estão prejudicadas. Em função do período da entressafra, o preço de itens da cesta básica, como feijão, arroz, fubá dispararam.


Reconhecemos que ações emergenciais executadas em nível federal, como o Programa Garantia Safra, têm sido valiosas. Em 2012, as cinco parcelas oferecidas ao agricultor foram insuficientes. O governo federal garantiu então mais duas parcelas. Porém, defendemos que é preciso elaborar políticas de trabalho e renda para famílias do campo, tendo em vista que essa mão-de-obra fica ociosa no período da entressafra.


Outra importante iniciativa do governo federal foi o Programa Bolsa Estiagem. Mas acreditamos que o valor de quatrocentos reais, distribuído em cinco parcelas, é pequeno em comparação ao preço da saca de 60 quilos de milho, que custa cinquenta reais.


Existem vários outros programas, mas nem todos funcionam em sua totalidade. Os Programas 1 Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2) são importantes para garantia da segurança hídrica. No entanto, as cisternas estão vazias. O Programa Carros-Pipa é insuficiente para a demanda.


As políticas de implantação, revitalização de poços e adutoras dessalinizadores são executadas em uma década e não em 6 meses de estiagem. É preciso implantar políticas para disponibilizar água dos açudes públicos para a produção de suporte forrageiro e para abastecimento da população. Hoje, as águas do canal da integração são utilizadas para fins industriais, enquanto nas margens, pessoas sofrem com a Seca.


Portanto, é essencial efetivar medidas emergenciais com a maior rapidez para minimizar os efeitos da Seca no Ceará. A convivência com o semiárido não significa apenas o combate à seca ou só a construção de infraestrutura hídrica para abastecimento humano e animal, requer também ações de promoção do desenvolvimento rural sustentável e solidário no semiárido brasileiro e cearense.


Joana Almeida – Presidente da CUT-Ceará