Seminário aponta para luta nacional em defesa da Caixa 100% Pública

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O Sindicato dos Bancários do Ceará realizou na quinta-feira, 22/1, o seminário “Os impactos da abertura de capital da Caixa para os trabalhadores, a sociedade e as políticas públicas”. Um auditório lotado veio debater o assunto, incluindo representantes da Contraf, CUT Ceará, CTB, Apcef/CE, ACEA, ADVOCEF, Conlutas, Dieese, Fetrafi/NE, Sindicatos de Bancários da Bahia, Piauí, Pernambuco e Cariri, Sindicato dos Comérciários, bancários de vários bancos e empregados da Caixa da capital e do Interior. O gabinete do Senador José Pimentel e o deputado estadual Elmano de Freitas também participaram do evento.


Como debatedores, o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa, Fernando Neiva; o presidente do SEEB/BA, Augusto Vasconcelos e o representante da OAB/CE, Bruno Queiroz, foram unânimes em defender a Caixa 100% Pública, pela importância de se ter um banco que dá lucratividade e ainda investe no desenvolvimento do País e no atendimento às camadas mais carentes da sociedade.


Abertura de capital é ameaça ao papel social – “A declaração da presidente no final de 2014 chocou os empregados da Caixa, pois o que esperávamos eram medidas para valorizar o papel do banco”, explicou o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa, Fernando Neiva. “A abertura de capital é muito prejudicial à sociedade, e principalmente, aos empregados, porque a visão do capital é somente o lucro. Agora, uma coisa eu garanto: serei radical na defesa da Caixa 100% pública. Mas todos os empregados devem se engajar nessa luta. Não podemos ter medo. É preciso firmeza, coragem para vencer mais esse desafio que se impõe à CEF nesse momento”, concluiu.


“Esse debate não é meramente corporativo, mas envolve o futuro da economia brasileira. Não faz sentido o governo ter dois bancos atuando da mesma maneira, com economia mista, e isso pode culminar com o encerramento das atividades da Caixa”, destacou o presidente do SEEB/BA, Augusto Vasconcelos. Ele enfatizou que no início do primeiro governo Dilma, a Caixa foi um banco estratégico, que reduziu o spread bancário, forçando a baixa dos juros e aumentando o volume de crédito no País. “É preciso nacionalizar essa luta em defesa da Caixa. A classe trabalhadora tem de se levantar de maneira organizada e se mobilizar nesse sentido”, alertou.


Segundo Bruno Queiroz, a OAB/CE enxerga essa intenção do governo federal como um ataque a toda a sociedade brasileira. Ele lembrou que a Caixa foi criada, ainda no Império, para fazer políticas públicas e sociais, e não pode agora perder esse papel. “A Caixa sobreviveu a um processo de desmonte na década de 90 e de 2003 para cá reviveu e resgatou seu poderio. É como se um time desenvolvesse um atleta, fizesse com que ele atingisse todo o seu potencial e depois o entregasse a outra equipe. Não faz sentido nenhum essa abertura de capital”, disse.


Ao final, o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, anunciou que a entidade deve continuar a luta em unidade com todas as entidades representativas dos empregados, enfatizando a defesa pela Caixa 100% Pública e de seu papel importante no desenvolvimento do Brasil. “Nós temos que deixar claro que a Caixa é um patrimônio do povo brasileiro. Não há, na verdade, qualquer documento oficial falando da abertura de capital, além da declaração da presidente Dilma, mas nós temos de nos mobilizar já, pois se isso se concretizar os mais prejudicados serão os brasileiros mais pobres, os trabalhadores e os empregados da Caixa, pois o mercado financeiro não tem interesse em políticas públicas. Vamos mobilizar todos os sindicatos, movimentos sociais, a sociedade civil organizada para evitar que essa iniciativa vá adiante”, finalizou.