Serviços arrecadam 734% a mais em 12 anos

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A arrecadação das instituições financeiras com serviços bancários subiu sete vezes desde a implantação do Plano Real. De 1994 a 2006, o volume recebido, que inclui tarifas, aumentou 734%. No período, a inflação pelo IPCA foi de cerca de 157%.


Quando o Real foi criado, 6,5% de tudo o que os bancos arrecadavam vinham dessa fonte. No ano passado, passou a ser quase 20%, nos dez maiores do setor, que bate sucessivos recordes de lucro. Se forem levadas em conta as 50 instituições pesquisadas, os serviços ficam em 17,7%. Os dados são da consultoria Austin Rating.


“Hoje, isso supera a despesa de pessoal basicamente em função de reajuste das tarifas acima da inflação, do aumento da base de clientes e de novas tarifas”, diz o analista financeiro da Austin, Rodrigo Indiani.


Órgãos de defesa do consumidor alertam os usuários de bancos para que não acabem pagando pelo que não precisam. A Pro Teste Associação Brasileira de Defesa do Consumidor realizou uma pesquisa anual com 12 bancos. No período, a entidade constatou que a diferença de custos dos serviços pode chegar a R$ 552,00 cerca de um salário mínimo e meio.


Ao comparar as 57 cestas de serviços mais utilizadas por quem tem conta corrente a Pro Teste detectou variação de até 460%. Em relação ao último levantamento, houve aumento de mais de 160% em alguns serviços. A inflação oficial no período não superou 4%.


A Febraban credita o aumento da receita com tarifação a um crescimento da base de clientes e não vê “nada de anormal”. No entanto, o economista Marcus Sanches, da subsede do Dieese na Contraf-CUT, rebate a afirmação com dados da própria federação patronal. Segundo ele, em 2001 o total de contas correntes era de R$ 71,5 milhões e em 2006 era de R$ 102,6 milhões, aumento de 43,5%. Já as receitas com prestação de serviços eram em 2001, R$ 21 bilhões e em 2006, R$ 48 bilhões, crescimento de 128,57%. “Ou seja, o crescimento da receita com prestação de serviços foi quase três vezes maior que o crescimento da abertura de contas”, explica Sanches.