Centrais sindicais e entidades empresariais afirmam que o Brasil “é muito maior que a crise”, mas pedem medidas urgentes “por parte dos que estão preocupados com o emprego, a produção e o bem-estar de milhões de brasileiros”. Segundo elas, é preciso “mobilizar a vontade coletiva” para viabilizar um modelo de desenvolvimento baseado na produção e no trabalho. “Para isso é preciso promover mudanças, sobretudo no sentido de priorizar o setor produtivo e não o capital especulativo”, acrescentam.
Esse texto é parte de um documento com sete diretrizes para a retomada do crescimento econômico do País, finalizado na semana passada, durante reunião na sede do Dieese, em São Paulo. “Não é possível aceitar passivamente as projeções de um 2016 perdido, visto que 2015 já está na conta da recessão e do desemprego crescente”, afirmam as entidades do documento “Compromisso pelo Desenvolvimento”.
O documento fala em retomada de investimentos, públicos e privados, especialmente no setor de infraestrutura, maior oferta de crédito para consumo e capital de giro e, especialmente, apoio ao setor de construção. Há uma preocupação com a interrupção de atividades de empresas envolvidas na Operação Lava Jato e com o efeito dessa paralisia na atividade econômica e sobre o emprego.
As centrais sindicais defendem medidas para que essas companhias possam continuar atuando e firmando contratos com o poder público, enquanto as investigações prosseguem na área criminal. Nesse sentido, os chamados acordos de leniência são uma das alternativas propostas no documento.
Assinam o texto CUT, CSB, CTB, Força Sindical, Nova Central e UGT. Pelos empresários, entidades como Abimaq, Abit (indústria têxtil), Abrinq (fabricantes de brinquedos), as Associações Comerciais de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, Clube de Engenharia e Instituto Ethos. Estavam por confirmar participação Anfavea (montadoras), Fenabrave (distribuidores de veículos), Sindipeças (autopeças) e Sinicon (indústria da construção pesada).
Diretrizes para a retomada do crescimento:
• Retomar rapidamente o investimento público e privado em infraestrutura produtiva, social e urbana, ampliando os instrumentos para financiá-la, bem como criando ambiente regulatório que garanta segurança jurídica;
• Retomar e ampliar os investimentos no setor de energia, como petróleo, gás e fontes alternativas, em especial na Petrobras;
• Destravar o setor de construção, por meio de instrumentos institucionais adequados, inclusive acordos de leniência, entre outros, que garantam a penalização dos responsáveis e a segurança jurídica das empresas, com a manutenção dos empregos;
• Criar condições para o aumento da produção e das exportações da indústria de transformação;
• Priorizar a adoção de políticas de incentivo e sustentabilidade do setor produtivo (agricultura, indústria, comércio e serviços), de adensamento das cadeias produtivas e de reindustrialização do País;
• Ampliar, em condições emergenciais, o financiamento de capital de giro para as empresas, com contrapartidas sociais e ambientais;
• Adotar políticas de fortalecimento do mercado interno para incremento dos níveis de consumo, de emprego, renda e direitos sociais.