Sindicato denuncia irregularidades do BNB no Interior do Ceará

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Em visita ao Interior do Estado, o Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB/CE) constatou diversas irregularidades nas agências do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) que prejudicam o atendimento à população e o trabalho dos funcionários. Os dirigentes sindicais visitaram as unidades de Aracati, Limoeiro do Norte, Quixadá, Quixeramobim e Baturité, onde detectaram extrapolação de jornada, número insuficiente de agências e funcionários, infraestrutura precária, não-pagamento de horas extras e desvio de função.


O mutirão pelo Interior foi feito para verificar a situação persistente de extrapolação de jornada de trabalho, mas a realidade encontrada pelo Sindicato apresenta muitos outros problemas. A rede do BNB pelo estado tem um número insuficiente de agências, que aliado à quantidade de funcionários também insuficiente, gera superlotação e transtornos no atendimento ao público.


Segundo Telmo Nunes, diretor do Sindicato, a precariedade do sistema de informática do Banco agrava ainda mais a situação. “O sistema é ruim, sempre está fora do ar, fazendo com que o cliente espere por atendimento durante 4 ou 5 horas para uma operação que poderia ser realizada facilmente em 30 minutos. Isso acumula uma multidão nas agências e quem acaba penalizado é o funcionário, que não tem culpa de nada. É preciso investimentos urgentes na tecnologia”, afirma.


Outro problema constatado: a provisão anual de horas extras é insuficiente para suprir o que os funcionários trabalham durante o ano. “Tem casos que a pessoa trabalha três ou quatro horas e só recebe uma ou duas. Isso é uma constante dentro do banco, inclusive, trazendo trabalho rotineiramente aos sábados. É uma situação que torna insuportável o ambiente de trabalho porque não tem hora pra sair, trabalha e não recebe e fica totalmente esgotado pela quantidade de serviço”, destaca o diretor.


Cada agência visitada tem, em média, 80% dos funcionários com cargos comissionados, o que aponta para uma manobra do Banco com o intuito de enganar o bancário, que incrementa o salário trabalhando mais e ao gosto empregador. “O BNB tenta burlar a legislação trabalhista, já que alega que o contrato de seis horas deixa de existir e obriga o empregado a trabalhar as horas que o Banco quiser. Essas comissões não são para gratificar o funcionário pelo desempenho, mas para escravizá-lo, entrando de manhã cedo e sem hora para sair. O contrato de trabalho do bancário é de seis horas, independente da função exercida”, explica Telmo, acrescentando que o desvio de função também é uma constante no Banco.


“O nosso objetivo não é denegrir a imagem do Banco, não é penalizar ninguém, mas fazer com que duas coisas funcionem: um ambiente de trabalho saudável para os bancários e um bom atendimento à sociedade nordestina. Hoje, o BNB é um ambiente irregular e desrespeitoso. Queremos que a Direção reconheça os problemas e encontre uma solução. É preciso agir mais e falar menos”, finaliza Telmo.


Negociação específica – A Contraf/CUT e o Comando Nacional dos Funcionários do BNB (CNFBNB) solicitaram negociação com a Direção do Banco para a próxima segunda-feira, 26/11, mas ainda aguardam confirmação. Três questões ainda estão pendentes na mesa específica: revisão do Plano de Cargos, implantação do ponto eletrônico e propostas para o plano de aposentadoria.