Há meses o Sindicato dos Bancários do Ceará denuncia as más condições de trabalho enfrentadas pelos avaliadores de penhor da Caixa Econômica Federal. A principal queixa é o número insuficiente de avaliadores e a distribuição desigual dos profissionais entre as três unidades que oferecem o serviço em Fortaleza – o que precariza o atendimento à população. O Sindicato reforça as denúncias diante da inércia do banco em resolver o problema, que só faz se agravar. Enquanto isso, os clientes continuam prejudicados.
A Agência Terra da Luz, na Av. Pontes Vieira – região nobre e de grande demanda – apresenta a situação mais crítica: possui apenas um avaliador, enquanto na Agência Pessoa Anta estão lotados nove avaliadores e na Agência Bezerra de Menezes estão seis. Além de prestar um atendimento moroso por conta da falta de mais profissionais, o setor de penhor da agência fica parado em determinados momentos, como nas horas de almoço, férias, ou em eventuais atrasos e licenças médicas, causando desconforto ao cliente que se vê obrigado a procurar outras unidades.
Na semana passada, por exemplo, o atendimento de penhor foi prejudicado por uma semana, quando o avaliador se ausentou para a realização de um curso. Para dar continuidade ao atendimento, foram cedidos dois avaliadores das outras agências, que se revezaram durante os cinco dias. Na segunda-feira, dia 22/10, uma cliente chegou à agência levando joias para serem avaliadas, mas não conseguiu ser atendida. “Primeiro, um funcionário disse que o penhor estava ausente. Depois, quando me dirigi diretamente ao setor, o avaliador que estava lá disse que o sistema estava fora do ar e, por isso, eu não poderia penhorar a joia, apenas poderia retirar ou renovar. Um absurdo”, conta a cliente, que se deslocou até a agência Pessoa Anta, na Praia de Iracema, onde teve acesso ao serviço sem problemas – o que descarta a possibilidade de problemas no sistema já que ele é unificado.
O Sindicato entrou em contato com a gerência-geral da agência Terra da Luz para expor o caso e saber porquê o atendimento de penhor esteve suspenso. A gerência disse que desconhecia a situação, não via motivos para a cliente não ser atendida e se comprometeu a se informar sobre o que realmente aconteceu. O Sindicato ainda questionou se o problema havia sido a liberação de senha para o avaliador substituto, mas nada foi confirmado. Até o fechamento da Tribuna, não tivemos resposta.
Situação semelhante já havia acontecido em julho passado: o único avaliador da agência tirou licença médica e o profissional deslocado de outra unidade não teve a senha liberada para trabalhar lá. “A paralisação de atividades pela falta de providências gerenciais rotineiras e até liberação de senhas é inadmissível em um serviço que já é prestado há três anos”, critica Áureo Júnior, diretor do Sindicato. “Agora, mais difícil ainda é entender a lógica administrativa de uma mesma Superintendência que lota apenas um empregado em um serviço de exclusividade da Caixa”, completa, lembrando o monopólio que o banco exerce sobre o serviço de Empréstimos Sob Penhores.
Outra denúncia que chegou ao Sindicato é quanto a precarização dos instrumentos necessários para o serviço. O Sindicato, inclusive, solicitou vistoria na agência Terra da luz, em setembro. A Caixa cedeu um técnico em segurança do trabalho, mas o laudo pericial ainda não foi divulgado. “Nós estamos solicitando uma reunião com os gestores de Penhor, Superintendência e Avaliadores para debater a questão desse grupo de empregados. Temos vários temas a tratar, como os guichês improvisados há 13 anos, equipamentos de proteção irregulares e inadequados, ausência de formação e de instrumentos na avaliação de diamantes, ausência de compostos químicos ideais para a avaliação, entre outras e vamos cobrar soluções urgentes”, diz o diretor.
O Sindicato ainda foi informado sobre a prática irregular de desvio de função nas agências Bezerra de Menezes e Pessoa Anta, onde um avaliador de penhor é mantido em serviço de Caixa Executivo.
Juazeiro do Norte – Há cerca de seis meses, um avaliador de penhor foi direcionado para Juazeiro do Norte, mas o serviço ainda não é prestado também por desvio de função. Ou seja, clientes da Caixa de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha e Missão Velha, por exemplo, precisam viajar mais de 500 km para ter acesso ao serviço de penhor.