Para surpresa das entidades sindicais foi informado pelo Cade que, desde 1996, ainda no governo FHC, um parecer da Advocacia Geral da União (AGU) determinava a incompetência do Cade no tocante às análises de fusões e incorporações no sistema financeiro nacional. A AGU afirma em seu parecer que a Secretaria de Direito Econômico (SDE), ligada ao Ministério da Justiça e ao Banco Central, seria o órgão competente.
No entanto, o Tribunal Regional Federal (TRF) julgou, no caso da incorporação do BCN ao Bradesco, que a lei que criou o Cade e a lei que o regulamenta dá poderes ao mesmo à apreciação nesse caso, abrindo assim uma jurisprudência para o caso Santander/ABN.
O Sindicato e a Contraf-CUT solicitaram à presidente do Cade uma análise criteriosa da fusão, observando os impactos para a sociedade e em conseqüência, dos postos de trabalho, pois no entendimento das entidades, as demissões e fechamento de agências trarão prejuízos ao sistema financeiro e ao consumidor bancário.
O diretor do Sindicato presente a audiência com o Cade, Clécio Morse, lembrou que, em audiência sobre tarifas bancárias na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o presidente do ABN Fábio Barbosa foi indagado por Suplicy sobre a fusão e as 19 mil demissões anunciadas pelo Santander. Barbosa respondeu que “nada mudaria até o 1º trimestre de 2008″. “Não sei se foi equívoco, mentira ou falta de informação do presidente do ABN sobre as iniciativas do Santander, pois as mudanças já estão acontecendo com o fechamento de agências do banco no interior de São Paulo que só tinham uma agência bancária. Nesse caso, o 1º trimestre de 2008 está se sobrepondo ao trimestre final de 2007. Portanto, temos que nos mobilizar nas mais diversas frentes”, concluiu.
Ações parlamentares – O deputado federal Chico Lopes (PCdoB/CE) apresentou requerimento na Câmara Federal, que acatou o pedido para analisar o tema na semana de 5 a 9/11. A fusão também será debatida ainda em novembro no Senado, através de requerimento dos senadores Eduardo Suplicy (PT/SP) e Inácio Arruda (PCdoB/CE), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e na CAE.