As mobilizações dentro da Campanha Nacional dos Bancários 2015, promovidas pelo Sindicato dos Bancários do Ceará, continuaram na quarta-feira, dia 9/9, quando dirigentes sindicais e manifestantes entraram nas agências da Av. Bezerra de Menezes, com o grupo Trup Tramas de Teatro apresentando um cordel com o tema “Os 7 Pecados do Capital”. Clientes e bancários puderam conferir a encenação da peleja entre o bem e o mal, com dois personagens: o banqueiro (o Diabo) e a categoria bancária (o Santo).
O tom lúdico da encenação conseguiu a atenção de todos e despertou à reflexão para os principais pontos da Campanha Nacional dos Bancários deste ano, tais como mais contratações, remuneração justa, melhores condições de trabalho, mais saúde e segurança, fim do assédio moral, fim das metas abusivas, entre outras.
Em suas intervenções, os diretores do Sindicato anunciam que essa forma lúdica de apresentar a pauta de reivindicações dos bancários, é um meio de dialogar com a clientela dos bancos e com a própria categoria. É uma forma de conscientizar a todos, mostrando a realidade que os bancários vivem no seu cotidiano, a pressão feita pela ganância dos banqueiros e o assédio moral disseminado dentro das agências.
Destacaram, ainda, a possibilidade de haver greve e se ela acontecer, não é responsabilidade dos bancários, mas sim irresponsabilidade dos donos dos bancos, que aumentam suas fortunas, em detrimento de atender bem seus clientes e dar condições de trabalho aos funcionários: são desumanos. Dialogando e querendo contar com a compreensão da sociedade, caso a greve ocorra, os diretores do Sindicato informaram que após quatro rodadas de negociações, os banqueiros e governo esnobaram as reivindicações da categoria. A hora é de intensificar a mobilização, disseram.
Na próxima semana, as mobilizações promovidas pelo Sindicato vão continuar e desta vez serão no corredor bancário da Aldeota.
CORDEL
A PELEJA DO GUERREIRO DO BEM PARA DERROTAR OS 7 PECADOS DO CAPITAL
Preste atenção pessoal
Na história que vou contar
Para não entender mal
E depois se assustar
O que parece igual
Tem que diferenciar
Pois açúcar não é sal
Mas a cor dá pra enganar
Um papa medieval
Decretou para os fiéis
Que pecado capital
Sempre traz algum revés
Nada, porém, de anormal
Ficam os dedos e os anéis
Perdoar é natural
Desde que mudem os papéis
Por que você tá falando
Aqui na minha agência?
Quem lhe passou o comando?
Você não tem competência
Passa a vida volitando
Tá sempre em diligência
A tudo vai perdoando
Com a maior indulgência
Esse papa do passado
Era muito angelical
Seu olhar ultrapassado
É por demais fraternal
Quem entende de pecado
E tem fúria animal
Sou eu por ter inventado
Os pecados do capital
Tou surpreso, mas altivo
E falo pra quem chegou
Estou aqui investido
Com muito orgulho e amor
Poder me foi conferido
Por todo trabalhador
Que sofre e é perseguido
Mas não perde o seu valor
Ninguém aqui se intromete,
Pois meu papel é legal,
Capataz, vai lá e pede
Reforço policial
Pois quem tem grana não cede
Aumenta seu arsenal
E nenhum esforço mede
Prá elevar seu capital
Mentira é especialidade
Do meu cardápio infernal
Irresponsabilidade
Caso com Assédio Moral
Refugo toda verdade
Ganância é meu ritual
No campo e na cidade
Construo meu pedestal
Alto lá! Seu insensato
Aqui não se pede arrego
Vai ter que honrar o contrato
Não abro mão do Emprego
Salário atualizado
Não lhe tira desse enredo
Vai ter que pagar dobrado
PL e Décimo Terceiro
Mas que petulância é essa?
Coisa assim nunca vi não
Em você prego uma peça
Sim à Terceirização
Não há ninguém que impeça
Faço Discriminação
Gasto dinheiro à beça
Pratico a Ostentação
Bancários aqui presentes
Não caiam nessa lorota
Falo também aos clientes
O que ele diz não importa
Segurança é urgente
Basta de Metas impostas
Uma atitude valente
Fará ganhar nossa aposta
Quem pensam vocês que são
Pra reverter o sinal?
Pois é muita presunção
Quem o bem ganhe do mal
Prevalecendo a razão
Do dólar e do real
Forças também ganharão
Os pecados do capital
Ouvindo tal opereta
Bufa e sem maestria
Distribuo essas cornetas
Pra vocês com valentia
Calarem a voz do capeta
Que a todos assedia
Vamo acabar com a mutreta
Exigir Cidadania