Além das demissões, os bancários, através das federações e sindicatos da categoria, cobram também melhores condições de saúde e trabalho, já que muitos bancários estão apresentando doenças físicas e psicológicas por conta de sobrecarga de trabalho e metas abusivas. A terceirização também entrou em pauta. “Não vamos calar. Não seremos coniventes com essa política de RH, que de humana não tem nada”, afirmou Alex Citó, diretor do SEEB/CE e funcionário do Itaú Unibanco.
Robério Ximenes, diretor do SEEB/CE e funcionário do Bradesco, destacou que essas mazelas não acontecem apenas no setor bancário. “Essa luta não é só do bancário, mas de toda população. Temos que coibir essa prática gananciosa que está permeando não só o Itaú Unibanco, mas todo sistema capitalista”, declarou.
O também diretor do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil, Plauto Macêdo, completou lembrando que o sistema financeiro brasileiro é o que mais lucra no País e também o que mais maltrata seus funcionários. “Estamos esquentando os tamborins para darmos o troco na próxima Campanha Salarial”, sinalizou.
Durante o ato, os diretores distribuíram o jornal especial da Contraf/CUT, que fala de todas essas lutas, para a população e para os clientes do banco. Somente no estado do Ceará foram 17 demissões desde o início do ano. “O Sindicato não vai cessar essa luta na defesa dos empregos daqueles que são os responsáveis em tornar o Itaú o maior banco da America Latina. Com as demissões todos saem prejudicados, os funcionários demitidos, os que ficam com sobrecarga de trabalho e os clientes com o atendimento precarizado”, disse Ribamar Pacheco, diretor do SEEB/CE, representante da Fetec/NE na COE Itaú.
Demissão atinge soropositivo em tratamento
Duas demissões recentes em agências do Itaú Unibanco estão gerando revolta entre os trabalhadores em São Paulo. A primeira está ligada à diferença no fechamento de um caixa e, a segunda, a um funcionário soropositivo.
DIFERENÇA DE CAIXA – A dispensa diz respeito a uma caixa que, em fevereiro, foi responsabilizada pela falta de R$ 2 mil no fechamento de sua estação de trabalho. Como não conseguiu localizar a origem da diferença e não tinha dinheiro para cobrir o rombo, a bancária ofereceu pagar o valor parcelado, mas o banco não aceitou sua proposta e ela acabou sendo dispensada em abril.
O diretor do Sindicato de São Paulo, Carlos Damarindo, o Carlão, lembra que localizar diferenças foi dificultado pela eliminação pelo banco, em dezembro, da segunda via da bobina de caixa. “Muitos bancários estão reclamando, tendo prejuízos financeiros e, pior, sendo demitidos por conta disso. Em negociação no final de abril, o banco se comprometeu a disponibilizar, a partir de 23 de maio, o extrato e a soma para que os bancários possam fazer a checagem. Esperamos que cumpram a promessa e queremos que sejam revistas as injustiças já cometidas”, diz.
SOROPOSITIVO – A outra denúncia diz respeito a um funcionário soropositivo demitido por baixa performance. “Devido ao tratamento médico, ele estava enfrentando altos e baixos em sua saúde, fazendo tratamento, e não tinha como manter uma média alta de produção”, diz Carlão.
O dirigente sindical procurou o banco para reivindicar a reversão da demissão, mas não foi atendido. “Os colegas do bancário não sabiam do seu problema de saúde, mas o RH e a área médica tinham conhecimento. Ainda assim, não houve sensibilidade para tratar o caso com o cuidado que merecia”, diz.