Sindicato realiza protesto e Banco do Brasil chama batalhão de choque da polícia

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“A truculência do BB está levando os trabalhadores à greve. Se não houver negociação, os trabalhadores não terão outra saída. Não podemos aceitar essa situação. Estamos denunciando a gestão do BB como temerária e desrespeitosa”, denuncia o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, em manifestação realizada nesta terça-feira, 9/4, em frente ao Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, local onde se realizou um encontro reunindo 2.300 gestores do banco.


O presidente do Sindicato enfatizou ainda que enquanto o banco faz festa em evento “motivacional” para administradores das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, a grande massa de trabalhadores do BB sofre com agências lotadas e amarga a dispensa de vigilantes do autoatendimento (prejudicando a já cambaleante segurança das agências), corte de viagens necessárias de trabalho (como as dos fiscais de operações), cancelamento de férias, cortando dinheiro para água nas agências, ar condicionados inoperantes, obrigando os funcionários a utilizarem folgas em um prazo (ilegal) determinado e desrespeitando o corpo funcional com a implantação, sem diálogo, de um plano de funções que reduz direitos e salários.


Carlos Eduardo informou ainda que na segunda-feira, 8/4, por volta das 17h, o BB enviou ofício à Contraf-CUT cancelando a reunião de negociação com os trabalhadores que seria realizada nesta terça, 9/4, para debater o plano de funções. “A luta contra os desmandos do banco, e esse plano de funções é um exemplo claro disso, é nacional e os trabalhadores do BB estão todos mobilizados para combater essa postura. Não negociar o plano de funções é um erro absurdo porque nós não vamos desistir de lutar por nossos direitos”, afirma.


Já o diretor Gustavo Tabatinga lembrou que essa atitude do BB de não negociar o plano de funções tem também sérias implicações jurídicas. “Os funcionários estão totalmente desmotivados. A gratificação de função foi reduzida em alguns casos a 30%, a perspectiva de incremento nas funções dos gestores praticamente inexiste nesse novo plano. Com esse plano o passivo trabalhista da empresa aumenta em 200%, isso de forma alguma é razoável”, ressaltou.


“O governo Dilma estabeleceu metas sociais e de regulação do mercado para o Banco do Brasil, como redução de spread e juros e aumento do crédito, porém  a direção do banco tem sido incompetente em cumprir essas medidas respeitando seus funcionários. Para atingir seus objetivos, o presidente, Aldemir Bendine e o diretor de Pessoas, Carlos Neto, têm recorrido a posturas antisindicais, fascistas, autoritárias e de gestão temerária”, avalia o diretor do Sindicato, José Eduardo Marinho.


Aposentados – O diretor do Sindicato, Plauto Macedo, ressaltou ainda a questão do plano odontológico implantado pelo BB que não abrange os aposentados. “Historicamente, todos os direitos dos funcionários da ativa eram implantados também para os funcionários aposentados. O banco afirmou de início que iria analisar a implantação do plano também para esses funcionários, mas até hoje, nada foi apresentado. É bom que essa gestão que está aí se lembre que um dia também vai se aposentar e vai perder direitos, como nós estamos perdendo”, disse.


Banco chama batalhão de choque – Desde o início da manhã desta terça-feira, 9/4, quando o Sindicato chegou ao local do evento, o Banco do Brasil tentou impedir a manifestação da representação dos trabalhadores. Primeiro, impedindo que os carros da entidade se aproximassem do local e por último, acionando a Polícia Rodoviária Estadual e o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Estado. Um carro do Sindicato chegou a ser guinchado.


Entretanto, os diretores do SEEB/CE mantiveram-se firmes e o protesto continuou registrando todas as tentativas de impedir a ação sindical. A manifestação contou ainda com banda de música e faixas com mídia da campanha nacional convocando todos os funcionários do BB à luta, pois só com mobilização pode-se evitar a mordida nos direitos dos trabalhadores. Ao final, o Sindicato realizou a malhação dos Judas, batizados pela entidade de “Dida Iscariotes” e “Carlu’s Netu’s”, em alusão lúdica e crítica ao presidente do banco, Aldemir Bendine, e também do diretor de Gestão de Pessoas do BB, Carlos Neto, responsáveis diretos pela postura fascista do Banco.


“Lamentamos profundamente a postura do Banco do Brasil com seus funcionários. Tratar o movimento sindical desse jeito é coisa da época da ditadura e do período neoliberal. O BB vem nos últimos meses numa postura absurda e totalmente temerária e ainda chama seus gestores para implantar essa postura no restante no corpo funcional, para que seus administradores falem a mesma língua dessa direção totalmente equivocada. É bom que tenham verba para esses eventos, mas é fundamental que tenha verba também para dar condições de trabalho dignas para todos os trabalhadores”, afirma Bosco Mota, diretor do Sindicato.