Sindicato repudia aumento de 54% nas contribuições dos associados

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Três das entidades que participam da Comissão de Negociações com o BB sobre a Cassi, coordenada pela Contraf-CUT, romperam com o procedimento unitário que vinha sendo adotado até então pelos representantes dos trabalhadores e apresentaram proposta que repassa aos associados maior responsabilidade pelo custeio da Cassi. Propõem aumentar em 54% as contribuições dos associados e do BB e abrem espaço para novos aumentos futuros.


O Sindicato dos Bancários do Ceará, assim como a Contraf, são contra esta proposta. Primeiro, porque onera demasiadamente os associados ativos e aposentados. Segundo, parte de premissas no mínimo questionáveis, conforme demonstram os próprios balanços anuais da Cassi. A proposta das três entidades considera que as receitas da Cassi cresceram 8,75% ao ano entre 2007 e 2014, enquanto que as despesas médicas cresceram 12,02% ao ano no mesmo período. Se tomarmos  período mais amplo, de 2004 a 2014, veremos que as receitas da Cassi (excetuando as oriundas do BET) cresceram 129%, para um aumento de 142% nas despesas com atenção à saúde. Receitas e despesas cresceram em patamares semelhantes, não justificando um aumento exponencial nas contribuições, conforme propõem as três entidades.


Em terceiro lugar, não há nenhuma garantia de que o BB aumente suas contribuições. Uma proposta de aumento de custeio apresentada por entidades representativas do funcionalismo abre espaço para que o banco mande a conta para os associados. Desde o começo das negociações o BB se nega a aumentar suas contribuições patronais, e os representantes dos trabalhadores entendem que a proposta pública das entidades enfraquece o posicionamento dos trabalhadores na mesa de negociações.


A proposta dos trabalhadores – A proposta apresentada pela Contraf ao BB em consenso com as demais entidades que compõem a Comissão de Negociação, envolve, essencialmente: 1. Investimento de R$ 150 milhões por parte do BB para implantar as ações estruturantes e de sustentabilidade apresentadas pelos diretores eleitos da Cassi (melhoria de processos de regulação e racionalização de despesas, implantação de dois projetos-piloto de unidades próprias para implantação da estratégia de saúde da família, dentre outros); 2. Antecipação de contribuições patronais, para equilibrar o fluxo de caixa da entidade. A expectativa é que estas medidas tragam redução de despesas, deixando mais claro, ao final, se haverá mesmo necessidade de aumentar contribuições.


“Um aumento das contribuições de tal monta não garante, por si só, ampliação da rede credenciada e melhoria no atendimento, um problema crônico da Cassi. A solução destes problemas é extremamente complexa e não se resolve por um passe de mágica, com simples aumento das contribuições”
José Eduardo Marinho, diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará e conselheiro fiscal da Cassi