Sindicato se reúne com Superintendente do Ceará para denunciar desmandos de gestão

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Na última segunda-feira, 4/3, o Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB/CE) se reuniu com o Superintendente Estadual do Banco do Brasil no Ceará, Eloi Medeiros, para tratar de denúncias diretas ao gestor sobre metas abusivas, pressão, descomissionamentos, desvirtuamento da norma e outros desmandos levados para conhecimento dos dirigentes sindicais. O objetivo da reunião, solicitada pelo Sindicato, era encaminhar as denúncias e escutar o principal denunciado.


“Há meses, o Sindicato vem recebendo inúmeras denúncias de gerentes gerais e de relacionamento sobre a atual gestão estadual do BB. As queixas dão conta de que o superintendente não se relaciona com os gerentes, mas orienta diretamente: quem não cumprir as metas perde a função, sofre downgrade, rodizia. E essa situação não é relatada como algo fortuito”, disse o presidente do Sindicato, Carlos Eduardo Bezerra, durante a reunião.


O Superintendente negou todas as acusações, inclusive a existência de manual de descomissionamento ou de perseguição. Ele disse ainda que a relação do BB com os administradores funciona através da meritocracia. “Se o colega tem histórico de três anos consecutivos sem desempenho suficiente, em qualquer empresa do mundo esse colega tem de ser reposicionado. É o que nós estamos fazendo aqui. É um processo de trabalho que acontece no Brasil inteiro. Não é prerrogativa do Superintendente do Ceará”, afirmou Eloi.


Segundo Eloi, durante os cinco meses da atual gestão houve 40 movimentações de administradores, das quais 30 foram comissionamentos em ascensão, cerca de nove gerentes gerais rebaixados para agências de níveis menores e apenas um descomissionamento. Ainda de acordo com ele, os critérios utilizados nas decisões de downgrade respeitam a meritocracia – “quem entrega e quem não entrega”, jargão usado pelo BB.


Outro aspecto destacado pelo superintendente, em própria defesa, foi o que chamou de “empoderamento”, ou seja, a estrutura hierárquica do banco permite que ele se comunique diretamente apenas com o superintendentes regionais. Estes, por sua vez, acompanham o trabalho dos gerentes, que têm o papel de gerir suas equipes nas agências.


“Eu gosto muito do termo empoderamento, que cada um exerça sua função na plenitude. Quando eu cobro de alguém desempenho eu preciso dar a ele condições de gestão. O trabalho do dia a dia de acompanhamento de cada unidade eu não dou conta”, afirmou Eloi. “Em relação à linguagem que está sendo passada de cada regional para cada gerente: são quatro regionais, cada um com estilos diferentes. Cada um pega a cobrança que eu faço e passa de alguma forma”, completou, acrescentando ainda que a dinâmica do negócio permite o monitoramento e a pressão, mas afirma que não aceita assédio moral contra funcionários.


Quanto às nomeações, Eloi afirma que os comissionamentos da gerência média partem dos próprios gerentes gerais e os nomes das superintendências regionais é decisão da diretoria do banco. “Eu posso influenciar, mas não nomeio”. Além disso, ele explica que é levado em conta outras variáveis, como o perfil do funcionário (se é adequado para o perfil da agência) e o histórico como administrador ao longo do tempo. Quanto aos usos da GDP, a Superintendência reconheceu que há lacunas e afirmou que tem feito um trabalho para valorizar o instrumento interno de avaliação.


O Sindicato reafirma que o clima nas agências é de indignação e não silencia diante de práticas abusivas de cobrança e assédio moral. A entidade é contra descomissionamentos irregulares e entende o direito das pessoas de construir carreira, mas defende critérios claros e objetivos para esse crescimento. “A discussão de resultados existe e é normal em uma gestão, faz parte do negócio, mas a cobrança está sendo excessiva. As brechas que o banco dá para esses potenciais de conflito vão se efetivando. A defesa do Superintendente se contrapõe de forma drástica com o cenário de descontentamento que o Sindicato encontra nas agências”, afirma Carlos Eduardo.