Trabalhadores pressionam e adiam votação do PL 4330 para 3/9

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Com o Congresso Nacional tomado por milhares de trabalhadores, entre os quais mais de 500 bancários, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados adiou de quarta-feira, 14/8, para o dia 3 de setembro, a votação do PL 4330 que regulariza a terceirização e permite a precarização das relações de trabalho no Brasil.


Como existia o risco de algum parlamentar entrar com requerimento pedindo a colocação do projeto de lei em votação, os trabalhadores e dirigentes sindicais que estavam em Brasília mantiveram a mobilização e a vigília no Congresso até quarta-feira, 14. “A nossa luta é para que o patronato e seus representantes no Congresso retirem o projeto de lei da CCJC e sentem na mesa de negociação para buscar um acordo que não seja prejudicial aos trabalhadores como é o PL 4330”, desafiou o presidente da CUT, Vagner Freitas.


“Vencemos mais uma batalha, mas não a guerra” – “A pressão dos trabalhadores deu resultados mais uma vez, forçando novamente os parlamentares a adiar a votação do PL. Quero fazer um agradecimento especial aos bancários e suas entidades sindicais, que tiveram participação decisiva nessa mobilização”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.


Ele, no entanto, faz uma ponderação. “Vencemos mais uma batalha importante, mas ainda não ganhamos a guerra. A ameaça continua e é imprescindível que intensifiquemos a mobilização, participando do dia nacional de luta no dia 22 de agosto e da greve geral do dia 30”, acrescenta Cordeiro.


Na avaliação do presidente da Contraf-CUT, os bancários estão entre as categorias que mais serão prejudicadas caso o PL 4330 seja aprovado. “Vai piorar as condições precárias de trabalho de quem já está terceirizado e acabará com os caixas e gerentes, que serão substituídos por terceirizados fornecidos por empresas especializadas, com salários mais baixos e menos direitos”, denuncia. Além disso, Cordeiro lembrou que já está em tramitação no Senado outro projeto, “tão ruim quanto o PL 4330”, de autoria do senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE), ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).


Intensificar convencimento dos parlamentares e do governo – Para o secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira, só a mobilização dos trabalhadores evitará a aprovação desses projetos que liberam por inteiro a terceirização no País. “A mobilização, principalmente dos bancários, fez a diferença em 11 de junho e em 10 de julho, quando o PL 4330 esteve prestes de ser votado na CCJC da Câmara, e de novo nesta terça-feira”, apontou Miguel. “Os trabalhadores precisam aumentar a pressão e o trabalho de convencimento tanto dos parlamentares quanto do governo federal, para que melhore sua posição na mesa quadripartite, que esperamos que volte a se reunir em breve”.


Mobilização em Brasília – A capital federal amanheceu na terça-feira, 13/8, com os milhares de trabalhadores e dirigentes de entidades sindicais procedentes de todo o País combatendo em duas frentes. Uma, no aeroporto, recepcionando os parlamentares que chegavam de seus estados, e outra concentrada em frente ao complexo do Congresso.