Trabalhadores vão às ruas para mobilizar a sociedade para o Dia Nacional de Luta das Centrais

68


Bancários e comerciários comandaram uma caminhada com representantes de vários sindicatos e centrais sindicais pelo Centro de Fortaleza na última quinta-feira, 4/7, convocando os trabalhadores para o Dia Nacional de Luta no próximo dia 11/7, a partir das 10h, na Praça do Ferreira.


Com carros de som e bandeiras nas ruas, numa manifestação totalmente pacífica, os sindicalistas fizeram várias paradas nas principais lojas e agências bancárias do Centro da cidade chamando os trabalhadores para a rua pelo fim do fator previdenciário; pela derrubada do projeto de lei 4330, que escancara a terceirização no Brasil; reajuste digno para os aposentados; mais investimentos em saúde, educação e segurança; transporte público de qualidade; entre outras questões importantes para a classe trabalhadora.


A caminhada teve início na agência do HSBC da Rua Major Facundo. “Dia 11, as principais centrais sindicais do nosso País estão convocando todos os seus trabalhadores para dizer ‘não’ àqueles que nos oprimem, que nos exploram, contra a riqueza que é segmentada nesse País. Esse segmento dos banqueiros é o que mais tem se beneficiado das riquezas do Brasil e nós estamos cansados de ser explorados. Enquanto eles colhem os melhores frutos do País, nós trabalhadores ganhamos demissão, opressão, redução de salários, cassação de direitos. Então, nós vamos parar para que essa riqueza seja partilhada com todos”, convocou o diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, Alex Citó.


O presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo Bezerra, considera a caminhada como um momento de mobilização e de alerta para as manifestações do dia 11/7. “Nós queremos 10% do PIB para a saúde, para a educação, para transformar esse País num lugar mais justo. Entretanto, precisamos também de respostas imediatas como a retirada do PL 4330, que tramita na Comissão de Constituição e Justiça e que permite terceirizar todas as atividades primárias que existem, minando inclusive a organização dos trabalhadores. Não é esse o desenvolvimento que leva o Brasil para frente e não é esse o desenvolvimento que queremos e por isso, nós temos que lutar e mostrar nossa força”, avalia.


“O dia 11/7 é um dia marcante para a classe trabalhadora quando vamos às ruas gritar por nossos direitos e por nossos anseios. Infelizmente, o BNB, do qual sou funcionária, é uma das empresas que mais terceiriza trabalhadores. E ficam os concursados prejudicados, aumenta a precarização do trabalho e todos nós temos que nos juntar contra esse projeto de lei 4330, que escancara a terceirização”, conclama a diretora do SEEB/CE, Carmen Araújo.


Aposentados também são chamados às ruas – O funcionário aposentado do Banco do Brasil e diretor do Sindicato dos Bancários, Plauto Macedo, afirmou também ser vítima do fator previdenciário. “Esse é um mal que vem desde o governo FHC. Nós já participamos de várias marchas em Brasília contra esse famigerado fator, mas até hoje esse clamor não foi ouvido. Essa é a hora de lutarmos para que esse mal seja extinto. Por isso, queremos chamar todos os aposentados para engrossar fileiras nessa luta das Centrais”.


Foram visitadas agências do HSBC, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander, Itaú e BNB, além das principais lojas do Centro, convocando os trabalhadores à luta no dia 11/7.


Mobilização dos trabalhadores já surte resultados – Depois de mais de três horas de reunião na quarta-feira (3/7), as centrais sindicais conseguiram abrir um processo efetivo de negociação e, mais uma vez, adiar a votação do Projeto de Lei (PL) nº 4330 que permite a terceirização em todas as atividades das empresas. Depois de muito debate, foi decidida a formação de um grupo de trabalho composto por três trabalhadores, três parlamentares, três representantes do governo e três empresários, que vão se reunir nos dias 5, 8 e 9/7 para negociar alterações no PL 4330. Na tarde do dia 9, os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Manoel Dias (Trabalho e Emprego), os parlamentares, empresários e os dirigentes sindicais vão avaliar se as negociações estão avançando.


Assédio Moral – Além de convocar os trabalhadores para a grande mobilização do dia 11/7, os bancários denunciaram o assédio moral praticado na agência do Banco do Brasil da Praça dos Correios. “É preciso ter respeito com os trabalhadores e essa postura nós não vamos aceitar. E qualquer funcionário que se sinta assediado dentro dessa agência deve procurar imediatamente o Sindicato que nós viremos aqui novamente tomar nossas providências”, avisou o diretor do SEEB/CE, Bosco Mota.


Comerciários – Os trabalhadores comerciários estão mobilizados na pauta das centrais sindicais, mas com ênfase na luta pelo cumprimento da lei municipal 9.452, que regulamenta o horário de funcionamento do comércio, descumprido pela maioria dos lojistas. Os comerciários cobram o respeito à jornada de trabalho dos trabalhadores.




“As Centrais Sindicais decidiram dedicar o dia 11 para parar esse País na luta por direitos históricos como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, fim do fator previdenciário, pautas da classe trabalhadora que estão engavetadas há muitos anos e nós queremos ver aprovadas. Esse vai ser um grande dia de manifestação com os trabalhadores nas ruas cobrando o que lhes é de direito”.
Francisco de Assis Albuquerque – Sindicato dos Comerciários




“Esse momento que estamos passando de insegurança, no Ceará e no País, também é um debate importante. Essa manifestação do dia 11 também clama por segurança para trabalhadores e clientes de bancos, vítimas de sequestros, de saidinhas, alvos dos bandidos. E é muito importante que tenhamos um apoio massivo de todos os trabalhadores e da sociedade por mais segurança e por um País mais justo para todos”.
Marcos Francelino – Sindicato dos Bancários




“Esse projeto de lei 4330 nada mais faz do que rasgar a nossa CLT, rasgar os direitos dos trabalhadores, que tanto suaram para alcançar suas conquistas. Com a terceirização escancarada, ficam minadas as negociações salariais, a organização dos trabalhadores e só quem sai ganhando com isso são os patrões. Nós temos pauta. Nós estamos nas ruas há muito tempo e essa cidade vai sacudir e a Praça do Ferreira vai presenciar um outro momento histórico dos trabalhadores”.
Wil Pereira – CUT Ceará




“Essa convocação que queremos fazer envolve não só a classe trabalhadora, mas toda a sociedade. E é com a força de todos que vamos construir uma relação de força para dar ao povo o tratamento e a qualidade de vida que este merece, com emprego decente, mais saúde, mais educação, mais segurança, mais dignidade. É preciso repensar e melhorar o tratamento ao povo brasileiro”.
Marcos Saraiva – Sindicato dos Bancários




“Nós estamos nas ruas para que em vez de muito lucro para poucos empresários, tenha salários e condições de trabalho decentes para os trabalhadores. Pela primeira vez, as centrais sindicais convocam todo o povo brasileiro para tomar as ruas desse País e melhorar a vida do povo. O Brasil vai parar por melhorias para todos os brasileiros”.
Jefferson Tramontini – CTB Ceará