Uma história ainda mal contada

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Este caseiro Francenildo Costa revela-se um refinado espertalhão: recebe um capilé para denunciar e derrubar Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, transforma-se em herói nacional e agora constitui advogado para cobrar uma indenização milionária da Caixa Econômica Federal e da revista Época, que revelou depósitos em sua conta – de janeiro a março – de 38 mil e 800 reais. Quer R$ 17,5 milhões da Caixa e R$ 4,2 milhões da revista, não se sabendo ainda quais os motivos objetivos que levaram o seu advogado a arbitrar valores tão altos para os dois pedidos de indenização.

O curioso em tudo isso é que a imprensa, tão rigorosa em cobrar a punição dos envolvidos com a violação da conta pessoal do caseiro na Caixa Econômica, não tenha se revelado tão severa em saber a origem do dinheiro que chegou aos seus extratos bancários. Os depósitos efetuados na conta do caseiro foram atribuídos a seu suposto pai adotivo, que seria um empresário de ônibus em Teresina. A imprensa não se mostrou interessada em realizar uma investigação sobre o depositante, embora circulem rumores envolvendo senadores oposicionistas na cooptação da testemunha importante.

Enquanto Francenildo descansa na casa de sua mãe no interior do Piauí, sonhando em receber as indenizações milionárias, o advogado que constituiu explica as razões do pedido de indenização: ´Eu achei pouco´, disse, explicando que, ao calcular o valor da indenização pedida pelo cliente, levou em conta o patrimônio da Caixa Econômica e a suposta intenção das autoridades envolvidas. Wlício Chaveiro Nascimento, eis o nome do advogado, acredita que o seu pedido de indenização funcionará como um instrumento de ação pedagógica, inibindo futuras violações de contas bancárias.

(Extraído do Diário do Nordeste, dia 20/4/2006, da Coluna de Tarcísio Holanda)