Uma ligação perigosa

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A relação entre jovens e drogas envolve uma enorme série de fatores que mesmo o maior conhecedor do assunto teria dificuldade de enumerá-los. A complexidade dessa ligação tem início desde o momento da experimentação e segue até limites que o próprio usuário é incapaz de controlar. A facilidade no acesso à droga e a curiosidade podem levar o jovem a um universo obscuro e traiçoeiro que deixa sequelas para o resto da vida.


Segundo especialistas, o primeiro contato costuma acontecer por influência de algum amigo. Para inserir-se no grupo, é necessário que ele demonstre “força” e utilize o entorpecente. A partir de então, a moça ou o rapaz já sabem onde encontrar a droga, e cabe a eles decidir se levam o uso adiante ou não. Os que decidem continuar tem como principal consequência uma mudança comportamental, e muitos passam a alimentar o vício através de meios ilegais, como o roubo. A inserção no mundo do crime também é uma opção, mas acaba sendo a escolha de vários, devido à facilidade inicial que apresenta. No entanto, são os males físicos e mentais os maiores vilões do dependente químico.


FALTA APOIO – O tratamento contra as drogas depende do grau de dependência que o entorpecente exerce sobre o corpo e a mente do usuário, ou seja, pode demorar poucos dias ou longos anos. No Ceará, a falta de apoio dado pelo poder público e pela iniciativa privada às instituições de recuperação de drogados diminui ainda mais as chances dos jovens se reabilitarem para uma vida digna. O Desafio Jovem do Cea-rá, por exemplo, uma das mais tradicionais comunidades terapêuticas estaduais, passa atualmente por uma séria dificuldade financeira.


TRATAMENTO – Fundada em 1986, a sede do Desafio Jovem localizada à Avenida Dedé Brasil, em Fortaleza, abriga hoje apenas quinze internos, apesar de possuir capacidade para cerca de quarenta. A coordenadora técnica interina da entidade, Danielle Simão, explica que o orçamento prejudica o funcionamento adequado da comunidade terapêutica. “Nós somos uma instituição filantrópica e sobrevivemos por doações e parcerias com convênios, como o Estado e o Município. Parte do convênio, no entanto, não cobre as despesas com o recuperando, já que gastamos em média de R$ 1.600,00 a R$ 2.000,00 com um interno”, declara.


Envolvido há seis anos na instituição, o pastor Gilberto Rebouças funciona como uma espécie de diretor de escola. “Sou responsável pela manutenção da ordem”, explica. De acordo com o pastor, o Desafio Jovem conta com três formas diferentes de tratamento: ambulatorial (dirigida ao público que deseja parar de usar drogas, mas não precisa ou não quer o internamento); intermediário (desencadeia o processo de abstinência através de reclusão temporária, por um período de trinta dias); e intensivo (regime sistemático exclusivo para homens por um período máximo de nove meses). O Desafio Jovem desenvolve também tratamentos para famílias de usuários. “Às vezes, a pessoa que lida com o dependente, vira co-dependente. Ele fica mais doente do que o próprio dependente”, declara Gilberto, que coloca a instituição à disposição dos cearenses.


SERVIÇO


Para conhecer melhor o trabalho do Desafio Jovem, ligue (85) 3225 7230. Conta Corrente para doações: 45.000-6 / Agência 564-8 (Bradesco)