Pesquisa recente divulgada pelo jornal Folha de São Paulo estima que 18% dos eleitores brasileiros pretendem anular seus votos nas eleições de primeiro de outubro próximo. Cerca de seis vezes o total de votos nulos nas eleições de 2002!
Estes dados e este estado de espírito merecem uma análise e ações concretas com a urgência possível. O que está por trás deste contingente de pessoas que desconsideram o significado do fortalecimento do sistema representativo como elemento da democracia brasileira? Quem ganha se a anulação não for convertida em autêntica participação cidadã?
Comecemos pela última indagação. Certamente ganham os setores conservadores que dispõem de esquemas de conquista de votos independentemente de convencimento de propostas políticas e posturas ideológicas. O voto nulo acaba se tornando – independentemente das intenções de quem o pratica – uma ajuda providencial a partidos como o PSDB/PFL.
Sem uma ambição política maior – até por absoluta impossibilidade histórica – o voto nulo é um elemento de deseducação para os jovens e expressão de conservadorismo e acomodação para os adultos. O esquerdismo infantil do momento histórico chega a propô-lo se a opção democrática do eleitor for pelo bloco capitaneado pelo Presidente Lula e, assim, contribui objetivamente com quem advoga o retrocesso e tenta obstruir as possibilidades de maiores avanços num segundo governo Lula.
Mais difícil responder sobre as razões subjacentes à pregação do voto nulo.
É verdade que o País se modifica mais lentamente do que o que desejamos. Mas a velocidade do processo político é determinada em parte por instituições como a Câmara dos Deputados e do Senado e que serão piores ou melhores a partir do crivo democrático dos eleitores.
É verdade também que o processo político não se resolve inteiramente pelas eleições. Mas avançar na organização política é fundamental e é evidente que parlamentares ligados aos movimentos sociais ajudam a elevar o patamar das lutas sindicais e populares. Ou não?
E igualmente não parece haver dúvida entre a postura de um Presidente como Lula ou FHC, por exemplo. O primeiro tendo uma postura democrática de não diabolizar os movimentos sociais, criando mecanismo institucionais de democracia e se relacionando com a sociedade como um todo deixa aberto um caminho por onde pode trilhar o crescimento político dos brasileiros.
O último – de triste memória revivida em Alckmin fez privatizações de grande monta. Atacou os sindicatos (veja o desmantelamento temporário do histórico sindicato dos petroleiros via repressão direta combinada com a atuação da Justiça) e, assim, desserviu ao País deixando um Estado enfraquecido para exercer as necessárias políticas públicas.
Aproxima-se o momento do voto. Que não deve ser um mero ato de depósito ou mero cumprimento de um dever. Não. É um momento de reflexão criteriosa sobre as opções. É só lembrarmos de nossa vida cotidiana e votar a partir de critérios que podem servir das nossas vidas mesmo. Das questões que envolvem o trânsito, a educação, a violência, os meios de comunicação, os nossos salários, a saúde… cada tema deste é objeto de uma política, queiramos ou não, e isto será objeto de escolha pelo voto. Vote. Vote e combata o voto nulo. Recupere sua energia e contamine seus amigos para que compareçam e votem.