A Literatura de Cordel voltou a ser usada como instrumento de protesto pelo Sindicato dos Bancários para condenar a postura intransigente dos bancos.
Desta vez, o autor dos cordéis, o diretor Tomaz de Aquino, condenou as práticas antissindicais do Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Para ele, “foi preciso usar a criatividade como forma de sensibilizar os bancários que ainda não tinham aderido à greve e protestar contra as práticas antissindicais dos bancos”.
Os cordéis foram utilizados pelo Sindicato durante a greve dos bancários no Estado como instrumento de protesto e de mobilização, além de denunciar à sociedade as práticas antissindicais cometidas pelos Bancos durante a greve nacional da categoria.
Nesta edição, apresentamos os cordéis: “A Aguerrida Luta do Povo prá ter o BB de Volta”, para o Banco do Brasil; O Embate da Fada Poupança contra a Greve Cidadã”, para a Caixa Econômica e “O Duelo Entre o Touro Espanhol e o Jegue Tupiniquim”, para o Santander.
Veja os outros exemplares no site: www.bancariosce.org.br
BANCO DO BRASIL
Um BB que tem 200
Já atingiu boa idade
Devia tomar vergonha
Não à LATERALIDADE
Isso não é coisa de velho
É postura de velhaco
Quem leva o serviço a sério
Não faz ninguém de palhaço
Se tem assédio moral
Sindicato não suporta
Bota a boca no trombone
Cara feia não importa
Sabe que o adoecimento
Assola a categoria
E o cumprimento de meta
Causa terror e agonia
Gerente que assedia
Leva bronca e paga o pato
Quer dar uma de gostoso
Mais parece carrapato
Sanguessuga de empregado
Vai parar no caderninho
Sindicato é combativo
Não tem medo de chefinho
Na greve do ano passado
Mentiu pro trabalhador
Implantou um PCS
Que de nada adiantou
Prá ele a resposta é greve
Sindicato avisou
Se não aprende com afeto
Vai ter que aprender na dor
Já na greve deste ano
Não basta só convenção
Acordo com pouco ganho
Envergonha o cidadão
Tem que ter ISONOMIA
Entre novos e antigos
Se não der licença-prêmio
Vai ter que se ver comigo
No dia-a-dia sangrento
Exige vender seguro
A previdência privada
É um tiro no escuro
Se não alcança o exigido
Na capitalização
Bancário é ameaçado
Chega a perder a função
O povo não aceita isso
Do seu Banco do Brasil
Um Banco que é “todo seu”
Não pode ser tão servil
Ao capital e ao mercado
Se presta a um papel vil
Tá quase privatizado
Coisa igual nunca se viu
O governo da Rousseff
Deixa muito a desejar
Função social do Banco
É preciso resgatar
A greve é também por isso
Para o Banco ter valor
Voltar a liberar crédito
Pro povo trabalhador.
SANTANDER
O touro que é espanhol
E o jegue tupiniquim
Se enfrentaram em duelo
E a estória eu conto assim
Foi um embate medonho
Desses de voar pedaço
O touro partia cego
E o jegue ia pro abraço
Por ter comprado o Banespa
O touro espanhol se achava
Pensava que era moleza
Ai é que se enganava
O jegue era firme e forte
Tava montado nos cascos
Soltava coice de morte
Pois do touro tinha asco
O touro já tava tonto
De levar tanta porrada
Mas não entregava os pontos
Intentava uma cilada
O jegue pensava assim
Esse touro é invocado
Mas cá diante de mim
Apanha JUNTO e SEPARADO
O touro disse respeito
Pois tenho sangue espanhol
O meu nome é SANTANDER
Exploro de sol a sol
O jegue disse otário
Pois eu sou tupiniquim
Tu pode explorar bancário
Mas não explora a mim
Neste momento se ouviu
Um estrondo vindo do céu
O touro a correr saiu
Fez o maior escarcéu
O jegue disse seu frouxo
E o segurou pelo rabo
Isso foi só um arroto
Que eu dei pois comi um nabo
Disse o jegue eu te peguei
Agora tu aprende a prece
Faz do bancário um rei
Vê se não me aborrece
Melhora o salário dele
O piso e a PLR
Se não quiser ser daqueles
Que com fogo quente eu ferre
Mas o touro acreditava
Numa cartada final
Disse eu vou aumentar META
Fazer ASSÉDIO MORAL
O jegue disse te enxerga
Aqui tu não manda não
Bancário ganha a refrega
Controla a situação
Se vendo o touro vencido
Pelo jegue lutador
Disse meu Deus tô perdido
Vou procurar um doutor
O jegue disse vai tarde
Vamo encerrar essa prosa
Pois com luta e sem alarde
A greve é vitoriosa.
CAIXA ECONÔMICA
A Caixa é o Banco do povo
Pelo menos assim diz
Tem seguro desemprego
FGTS e PIS
Através das loterias
Promete fazer feliz
A milhões de brasileiros
Que sonham com reais “mis”
Mas se a proposta é bonita
A realidade é outra
Agências cheias de gente
Bancários em crise louca
Tentando atender a todos
Da melhor forma possível
Mas em quantidade pouca
Sofrem uma pressão terrível
Precisando de 100 mil
Caixa tem nem 70
Necessita concursado
Prá agir com competência
Governo ignora isso
População fica pasma
E cobra providência
Pro funcionário fantasma
Como tem pouco empregado
Extrapola na jornada
Explora terceirizado
Nisso dá grande mancada
Pois serviços sigilosos
Acabam a descoberto
Do penhor à Minha Casa
Tudo tem futuro incerto
Do seu sesquicentenário
Se orgulha todo dia
Mas não dá prá funcionário
Ter motivo de alegria
Com piso de mil e seiscentos
E PLR baixa
Não garante ISONOMIA
Qualquer pedido rechaça
Costuma chamar prá si
A população mais pobre
Mas na hora de atender
Nenhuma fila se move
Por isso o seu empregado
De consciência cidadã
Faz a greve por salário
E mantém a mente sã
É a rainha da poupança
Bate a meta todo mês
Alardeia segurança
Prá bancário não dá vez
Mas o Sindicato sabe
Como quebrar seu cachaço
Faz greve vitoriosa
Vai conquistar seu espaço
A população entende
Nossa paralisação
Sabe que a greve defende
Os valores da Nação
Apoia emprego decente
Menos fila e mais crédito
Movimento consciente
Já não é fato inédito