Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará
Pressão por metas, assédio moral, desempenho de múltiplas funções e, além das pressões do dia-a-dia do trabalho bancário, ainda tivemos uma pandemia mundial que já matou milhões. Tudo isso tem gerado uma questão muito grave na categoria: o aumento gradativo dos índices de afastamentos de bancários por problemas psicológicos nos últimos anos.
Um estudo recente do Dieese analisou os dados da Previdência Social e apontou os bancos como responsáveis por 15% dos afastamentos por causas mentais entre setores de atividade econômica, nos anos de 2012 a 2017. A proporção aumenta para 16% se considerar os afastamentos por depressão. Enquanto nos demais setores a elevação de benefício por Transtorno Mental foi de 19,4% entre 2009 e 2013, no setor bancário chegou a 70,5%. Provavelmente a situação atual está mais grave.
De 1996 a 2005 ocorreram um suicídio a cada vinte dias entre os bancários. Em muitas situações nos próprios locais de trabalho. Mais recentemente, temos tido relatos de casos de suicídios de bancários que reforçam a necessidade de que medidas sejam tomadas para proteger a saúde física e mental da nossa categoria que, visivelmente, se sente triste, pressionada, com medo do futuro e com alto índice de adoecimento psíquico.
Outra pesquisa do Dieese, desta vez sobre Teletrabalho, mostra o alto índice de pessoas com medo de ser esquecidos/dispensados (56,8%); ansiedade (65,4%), entre outras questões preocupantes. Nos dados preliminares de pesquisa sobre sequelas da Covid-19, realizado em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp), também aparecem questões preocupantes: Não me sinto alegre (45%); cabeça cheia de preocupações (67,1%).
São dados que ilustram uma situação de alerta à qual devemos estar atentos. A pressão exercida pelos bancos para garantir resultados vem deixando os bancários em um nível de sofrimento extremo.
A pandemia só agravou uma situação que já era alarmante. O medo do contágio, de adoecer e levar a doença para seus familiares, em um convívio com a morte que está à nossa volta. Agravando a situação vemos os bancos intensificarem a pressão em um momento de crise sanitária, inclusive para a volta ao trabalho presencial, sem que sejam feitas as devidas negociações com a representação dos trabalhadores, o que nós do movimento sindical estamos questionando. Além disso, temos um governo que prioriza os constantes ataques aos nossos direitos, desmontando a fiscalização do trabalho e dificultando o acesso aos direitos previdenciários.
Para ajudar a nossa categoria, temos o Plantão Psicológico, reativado no início da pandemia e reformulado para o formato virtual. As sessões são realizadas com a dra. Margareth Oliveira e é um serviço totalmente gratuito voltado para os bancários da ativa e sindicalizados. Para agendar seu atendimento, o bancário deve ligar para o telefone 85 99987 6284 e agendar o melhor dia para a sua sessão, de segunda a quinta-feira, no horário de 9h às 12h. O atendimento psicológico acontece de segunda a quinta-feira, das 20h às 21h.
Precisamos exigir dos bancos políticas efetivas de prevenção, monitoramento e controle da saúde dos bancários, nas quais o imperativo seja reconhecimentos dos riscos ergonômicos, psicossocial e biológico. Da mesma maneira, é essencial que haja uma atenção aos colegas que adoecem, garantindo condições para tratamento. E, acima de tudo, o fim das metas abusivas, o consequente assédio moral e a pressão pelos resultados. #VidaéLuta!