Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará
Em virtude da conjuntura de ameaças aos direitos dos trabalhadores, o acordo de dois anos, firmado no ano passado entre o movimento sindical e os bancos, garantiu à categoria bancária uma importante conquista: um reajuste salarial de 10,97% para os bancários neste ano. A CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) 2020/2022 estabelece o percentual equivalente ao INPC dos últimos 12 meses (10,42%) mais 0,5% de aumento acima da inflação.
Além disso, a conquista do Comando Nacional dos Bancários nas rodadas de negociações, em plena pandemia, vai refletir ainda nas gratificações de função e de caixa, ajuda de custo, vales refeição e alimentação, PLR, entre outros benefícios. Sendo que a primeira parcela da Participação nos Lucros e Resultados deve ser paga até o dia 30 deste mês, assim como o reajuste.
De acordo com o Dieese, os bancários fazem parte de um pequeno grupo (17,5%) que garantiu reajuste acima do INPC ao longo de 2021. As categorias que tiveram o salário reajustado com índice igual à inflação oficial ficaram em 32,2%. A maioria (50,3%) não conseguiu nem isso e ficou abaixo da inflação. O Dieese calcula ainda que para repor o poder de compra dos salários, o reajuste deve estar no patamar de 9.84%. O cenário mostra que a estratégia do movimento sindical bancário de fechar um acordo válido por dois anos foi um acerto.
Temos, portanto, motivo para comemorar, pois seremos uma das poucas categorias a ter reajuste com aumento real neste ano. No caso dos trabalhadores de bancos públicos, talvez sejam os únicos entre as empresas públicas a conquistarem aumento acima da inflação. Diante da inflação galopante no governo Bolsonaro, a grande maioria dos trabalhadores terão perdas salariais.
Uma das grandes conquistas da nossa categoria é a política de aumento real a cada campanha salarial. A categoria vem obtendo aumento real no decorrer da história. Desde 2004, o ganho real acumulado dos bancários é de 21,94% e, se levarmos em conta os índices de reajustes entre 2004 e 2021, temos o acumulado de 227%.
Considerando os pisos salariais o ganho real é ainda maior, chegando a 43,56% neste mesmo período. Isso ocorre porque, em muitos anos, os pisos tiveram reajuste diferenciado, inclusive acima do reajuste geral dos salários.
Além da situação adversa imposta pela pandemia do coronavírus, o país vive sob um governo contrário aos direitos dos trabalhadores. A mobilização da nossa categoria e a nossa organização nacional foram fundamentais para reverter a retirada de direitos que os bancos insistiam em impor e resultou em uma proposta com reajuste salarial e abono em 2020, em plena pandemia, aumento real este ano e a manutenção de todos os direitos na Convenção Coletiva e nos acordos específicos.
É importante destacar ainda que PLR, adicional de PLR, cesta-alimentação, 13ª cesta alimentação, vales refeição, reajuste acima da inflação, Planos de Cargos e Salários, gratificações de função, planos de saúde, mais contratações, jornada de seis horas, não trabalho aos sábados, licenças maternidade e paternidade estendidas, entre outros direitos, são frutos da nossa luta ao longo de mais de 20 anos de Convenção Coletiva Nacional dos Bancários. A própria CCT é uma conquista. Nada disso foi concedido pelos bancos. Nós que conquistamos!
#VidaéLuta!