Artigo: Discurso de Bolsonaro na ONU choca o mundo

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará

Na última semana, o Brasil virou, novamente, pauta negativa na imprensa internacional. O motivo: o discurso estarrecedor do presidente Bolsonaro na abertura da 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), dia 24/9, cheio de ódio, imprecisões e dados mentirosos, além de agressivo, com exaltação à ditadura e ataques ao socialismo, ambientalismo e aos governos da França, Venezuela e Cuba.

Imediatamente, diversos sites de checagem de fatos começaram a desvendar o discurso absurdo do presidente. De acordo com as checagens, Bolsonaro citou informações falsas, equivocadas, insustentáveis ou imprecisas. No início do discurso, ele disse que o Brasil esteve “à beira do socialismo” e passou a atacar o Programa Mais Médicos, implantado no primeiro mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff, afirmando que os médicos que vieram para o país não tinham comprovação profissional.  Conforme determina a Lei 12.871/2013, que instituiu o programa Mais Médicos, os profissionais cubanos precisavam apresentar documentação que comprovasse formação em curso superior de Medicina e autorização para exercício da profissão no exterior. Logo, a declaração de Bolsonaro é FALSA.

Ao falar sobre a preservação do meio ambiente, motivo pelo qual o Brasil tem sido criticado em todo mundo, tendo sido denunciado na própria ONU por um grupo de 16 jovens ativistas, entre eles Greta Thunberg, Bolsonaro disse que o governo tem o compromisso solene com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável em benefício do Brasil. Até o fim de junho, foram liberados 239 novos agrotóxicos, alguns comprovadamente causadores de problemas de saúde e danos graves ao meio ambiente. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, cortou cerca de 95% da verba destinada a políticas climáticas no governo e exonerou o coordenador Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Por fim, mesmo com números recorde de desmatamento na Amazônia, tem priorizado o encontro com deputados e senadores ligados ao agronegócio. Por todos esses motivos, a declaração de Bolsonaro é também considerada FALSA.

O presidente deu ainda dados imprecisos sobre a demarcação de terras indígenas e vociferou, sem citar nomes, contra os governantes de diversos países, como a França, Venezuela e Cuba.

O discurso de Bolsonaro pode, portanto, ser definido como mais uma “vergonha” internacional que nós, que defendemos a democracia, tivemos de encarar. As palavras dele estavam longe de ser aquelas esperadas de um chefe de Estado. Pelo contrário, seu discurso foi puramente ideológico, repleto de mentiras e com uma carga autoritária sem precedentes.

Além de não apresentar nenhum projeto de desenvolvimento e gestão responsável para o Brasil, quando vai ao exterior, Bolsonaro mostra ao mundo um governante conservador, autoritário e retrógrado, deixando boquiaberta toda a plateia que o escutava. Ele usou o palco nobre da ONU para afagar sua base interna, como se ainda em campanha eleitoral estivesse, ao falar de valores da família e promover sua guerra cultural. Essa agenda já afeta a imagem do Brasil lá fora e acende um alerta no que diz respeito à liberdade de expressão e à própria democracia.

Isso nos mostra também que a nossa resistência se justifica ainda mais. Temos de combater não somente a agenda neoliberal e a falta de projeto para a nossa nação, mas todo esse viés ideológico e ultraconservador que reveste a figura do atual presidente. À luta, sempre!

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