Artigo: O impacto dos ataques a bancos no Interior do Ceará

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceara

A semana passada começou com dois ataques a bancos no Interior do Ceará em cerca de 24h. O primeiro inutilizou uma agência recém-inaugurada do Banco do Brasil em Irauçuba, dia 7/5. Na madrugada seguinte, uma quadrilha explodiu a agência do Bradesco no município de Graça. As duas unidades ficaram totalmente destruídas.

Apesar das duas ações recentes, o número de ataques a bancos em 2019 (nove) é inferior ao mesmo período do ano passado (12 ataques). Todos no Interior. Nenhum ataque foi registrado em Fortaleza até o momento. Observando além da redução do quantitativo de ataques a bancos, fruto de ações da segurança pública do Estado e de leis municipais e estaduais que nós do Sindicato dos Bancários contribuímos para que fossem sancionadas, temos alguns impactos a apontar sobre esses ataques.

Geralmente, são ações cinematográficas, com quadrilhas fortemente armadas que sitiam esses municípios, atacam o posto policial, destroem às vezes a única agência bancária do local, fazem reféns muitas vezes, trocam tiros com a polícia – uma verdadeira cena de filme de ação. Mas o que fica para trás quando os assaltantes se vão é um cenário de filme dramático.

Com a inviabilidade da agência local, as pessoas acabam tendo de se deslocar por grandes distâncias até encontrar uma outra unidade. Isso também prejudica a economia dessas cidades que ficam sem a agência. As pessoas, até por questão de segurança, fazem as compras onde sacam o dinheiro e o comércio destas cidades simplesmente naufraga.

Do ponto de vista dos trabalhadores, estes também sofrem com os prejuízos, pois acabam sendo deslocados para unidades às vezes distantes do município onde já estão fixados com suas famílias. Além disso, devido a sequência dos ataques que muitas vezes se repetem mais de uma vez à mesma agência, os bancos estão encerrando o atendimento naquelas cidades ou quando reabrem, não retornam o seu funcionamento pleno, mantendo um número menor de serviços e até mesmo atuando sem qualquer numerário. Essa atitude, por sua vez, pode ser um dos motivos para a redução dos ataques criminosos, mas que prejudica, e muito, o atendimento à população.

Reconhecemos, é claro, a atuação e a influência do trabalho das forças de segurança do Estado, que estão conseguindo desbaratar algumas quadrilhas e desestruturar o mercado do tráfico de armas, o que também contribuiu para essa retração estatística. Entretanto, temos constatado que o atendimento bancário no Interior tem ficado bem precarizado. Não somente pela demora na reforma das unidades explodidas, mas também por essa diminuição de serviços.

Por outro lado, cobramos o efetivo cumprimento das leis de segurança aprovadas no Estado: estatutos municipais de segurança semelhantes ao aprovado em 2012 em Fortaleza; a lei estadual de segurança bancária, sancionada pelo governador Camilo Santana em dezembro de 2017, assim como a Lei nº 16.692, sancionada em dezembro do ano passado e que obriga as instituições bancárias a colocar vigilância armada para atuar 24 horas por dia, por exemplo, e que ainda não é cumprida nos municípios do Interior. Os bancos precisam cumprir a lei para ajudar no combate ao crime organizado, para resguardar a vida dos bancários e da população.

Há também uma preocupação do Sindicato com relação a reorganização do crime após enfrentamento no início do ano, pois o aumento se dá principalmente em períodos de maior circulação de moeda, como férias, pagamento de 13º e feriados prolongados. É preciso vigilância e ações constantes para proteger as vidas de cidadãos e trabalhadores. Nossa parte faremos sempre!

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