• Pesquisa aponta para necessidade para continuar negociação sobre auxílio para custos do trabalho remoto
• Teletrabalho garantiu menor contágio da Covid-19
• Maioria dos entrevistados diz que bancos têm respeitado períodos de desconexão
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) divulgou neste sábado (4), durante a 23ª Conferência Nacional dos Bancários, os resultados da 2ª Pesquisa de Teletrabalho da Categoria Bancária. A pesquisa avaliou as condições para a categoria realizar o teletrabalho, após mais de um ano de duração dessa modalidade. Os bancos ainda não cumprem totalmente o negociado para o serviço remoto, mas o teletrabalho se revelou uma forma fundamental para reduzir os riscos de contágio da Covid-19 pela categoria.
A pesquisa coletou respostas de 12.979 bancários e bancárias de todo o país. Na primeira pesquisa, realizada no ano passado, foram ouvidos 10.939 bancários e bancárias. A categoria tinha sido pioneira e boa parte foi deslocada para o teletrabalho assim que começou a pandemia. O teletrabalho foi negociado pelo Comando Nacional dos Bancários junto à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). “Essa segunda pesquisa foi fundamental para conseguir avaliar as condições de trabalho dos bancários em home office com mais de um ano de duração dessa modalidade de trabalho, ao contrário da pesquisa passada que era ainda tudo muito recente”, avaliou o economista Gustavo Cavarzan, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que participou da Mesa 2 da conferência neste sábado.
Para a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, a pesquisa teve a importância de detectar o que precisa ser melhorado nessa modalidade de trabalho. “A pesquisa mostrou que os itens mais problemáticos são justamente aqueles que as entidades sindicais estão buscando regular nos acordos: aumentos dos custos para o trabalhador, aumento e descontrole da jornada e problemas de saúde. Então a tarefa é conseguir fazer os acordos serem efetivamente praticados para que a gente possa ver uma melhora nos indicadores em pesquisas futuras, além de fazer novos acordos regulando essas questões com os bancos”, afirmou.
Menos contágio
Independentemente do que precisa e deve ser melhorado, o teletrabalho se revelou uma forma eficaz de enfrentamento da pandemia na categoria. Entre bancários e bancárias que ficaram em teletrabalho, 77% não apresentaram diagnóstico positivo de Covid-19, 23% foram contagiados. No entanto, entre os que não estiveram em teletrabalho, o percentual de contaminados foi de 38%. “Esse dado mostra o acerto das entidades sindicais em reivindicar o teletrabalho logo no início da pandemia e em rejeitar o retorno sem critérios ao trabalho presencial, assim como cobrar procedimentos de segurança para os locais de trabalho, nas agências e departamentos”, destacou a presidenta da Contraf-CUT.
Mas a pesquisa do teletrabalho aponta quais pontos devem ser aperfeiçoados nessa modalidade. Apesar de ter aumentado o percentual de pessoas que tem um escritório em casa em relação a primeira pesquisa, a maior parte ainda trabalha em ambientes adaptados como sala e quartos. Os equipamentos de ergonomia, cadeiras e acústica foram os itens mais mal avaliados pelos bancários na infraestrutura disponível para o teletrabalho. Em relação a primeira pesquisa, aumentou o percentual de bancários que dizem que o banco não se responsabilizou pela melhoria ou fornecimento de nenhum item.
Auxílio
É de se destacar também o crescimento dos que citaram o pagamento do auxílio financeiro para o teletrabalho, o que reflete o acordo assinado pelas entidades sindicais banco a banco. A comunicação com a empresa segue sendo um problema para a categoria, principalmente em casos apoio ou de manutenção. Aumentou o percentual daqueles que dizem que o banco não tem (16,5%) ou não sabem se o banco tem um canal de comunicação próprio para teletrabalho (37,8%).
Maior jornada
Mais bancários e bancárias estão percebendo um aumento nas horas trabalhadas em comparação ao trabalho presencial. Para 19,4% dos entrevistados, a jornada aumentou muito (em 2020, era de 13,6%). Para outros 24,2%, a jornada aumentou um pouco (em 2020, esse percentual era de 22%).
Outro reflexo das discussões em mesa de negociação com os bancos e acordos assinados foi que a maioria dos entrevistados (67,9%) diz que os bancos têm respeitados os períodos de desconexão (fora do expediente, finais de semana, folgas, feriados e intervalos de almoço). “Ainda há uma minoria que ainda sente que o banco não tem respeitado seus períodos de desconexão, mas o Comando vai cobrar o cumprimento do acordo nessa questão”, destacou Juvandia.
Saúde, medos e afazeres
Na saúde dos bancários e bancárias, os sintomas mais sentidos após o home office são o medo de ser esquecido/perder oportunidades/ser dispensado; dores musculares e dificuldade de concentração. Além disso quase 60% dos bancários afirma que se sentem isolados em alguma medida por conta do teletrabalho.
Mais bancários e bancárias estão percebendo aumentos consideráveis em suas contas de consumo enquanto os bancos têm economizado despesas administrativas. Entre os entrevistados, 86,5% apontaram aumento em sua conta de luz e 73,4% no supermercado. Por outro lado, os 5 maiores bancos do país economizaram R$ 300 milhões no 1º semestre de 2021 com algumas despesas administrativas como água, luz, gás, vigilância, transporte, viagens, conservação de bens, etc.
Mulheres com filhos são as mais afetadas pelo teletrabalho e têm dificuldades em conciliar o trabalho com as relações na casa e afazeres domésticos. Enquanto 47,2% das mulheres com filhos apontaram dificuldade em conciliar os afazeres domésticos com o trabalho, entre homens sem filhos o percentual foi de 24,6%.
Movimento sindical e direitos
A pesquisa registrou um aumento na importância que os bancários atribuem para a atuação do movimento sindical em itens que dizem respeito a compensações econômicas como auxilio do teletrabalho, auxilio alimentação adicional, reembolsos e pagamentos de hora extra.
Fonte: Contraf-CUT