Nova presidenta do BB assume o cargo com missão de resgatar papel social do banco

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A nova presidenta do Banco do Brasil (BB), Tarciana Medeiros, 44 anos, assume o cargo a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a missão de retomar o papel do banco como indutor do desenvolvimento do país, por meio de linhas de crédito. Ela é a primeira mulher na história do Banco do Brasil, fundado há 214 anos, a assumir a presidência da instituição. Veja perfil abaixo.

Lula esteve presente na posse que ocorreu nesta segunda-feira (16), em Brasília.

“Hoje participo da posse da Tarciana Medeiros como presidenta do Banco do Brasil, a primeira mulher a ocupar o cargo em 214 anos. Desejo um bom trabalho na direção desse banco tão importante para nossa economia. Boa semana e vamos juntos reconstruir o Brasil!”, disse o presidente em uma rede social.

Papel essencial do BB para o país

A presença de mulheres na presidência dos dois principais bancos públicos do país – a economista e sindicalista Rita Serrano assumiu a Caixa Federal na quinta-feira (12) – representa uma virada no papel das instituições para o país, que agora devem voltar a exercer seu papel principal – se serem bancos públicos voltados ao desenvolvimento priorizando o olhar social.

Desde a disputa eleitoral o presidente pontuou diversas vezes seu objetivo de fortalecer os bancos públicos, atuando na política de crédito para gerar desenvolvimento social e econômico, distribuição de renda, fortalecer a agricultura familiar, o microcrédito para pequenas e médias empresas”, lembrou Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Atualmente, dos 50 cargos mais altos do banco apenas cinco são ocupados por mulheres e a igualdade de oportunidades é uma luta antiga do movimento sindical. Para a secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, também funcionária do BB, ter uma mulher no comando do banco é um marco.

“Esperamos que ela traga um olhar social e um programa efetivo de igualdade de oportunidades nos programas de ascensão do BB, pauta que lutamos há tantos anos para o reconhecimento do trabalho das mulheres na instituição”, afirmou.

Ainda à época do anúncio dos nomes de Tarciana Medeiros e Rita Serrano para a presidência das instituições, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o ministério trabalha em conjunto com os dois bancos para “colocar à disposição da população aquilo que foi compromisso de campanha, sobretudo, o que diz respeito ao crédito“.

“Elas estão absolutamente alinhadas ao plano do governo do presidente Lula. Sabem dos desafios que foram colocados em relação ao sistema de crédito do Brasil. É uma agenda muito desafiadora e estão bastante animadas com as tarefas que foram designadas pelo presidente da República“, disse Haddad em coletiva de imprensa.

Desestruturação e função social

Durante o governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), o Banco do Brasil deu início a um processo de reestruturação que representava um desmonte sem precedentes. O pacote incluía o fechamento de agências e um plano de demissão voluntária (PDV) com meta de dispensar cinco mil trabalhadores, entre outras medidas que afetavam os salários de caixas executivos, que deixariam de ter a gratificação permanente a passariam a ter uma gratificação proporcional apenas aos dias de atuação, quando houvessem.

Os impactos de tais medidas seriam sentidos diretamente pela sociedade. Os bancos públicos chegam em cidades onde os bancos privados não tem interesse em atuar, explica João Fukunaga, Coordenador dos Empregados do Banco do Brasil (CEEB).

“Com a reestruturação temos cidades que não tem mais agência bancária, fazendo o trabalhador sair de uma cidade para outra. No Pará, por exemplo, há localidades onde agora é preciso transporte fluvial e depois terrestre até uma agência, levando até três horas de deslocamento. Isso sem contar o que é gasto para o percurso. É um crime”, afirmou o dirigente durante evento online promovido pela CUT-PR, em 2022.

Fukunaga, que também é dirigente do Sindicatos dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (SpBancários), explica que a direção do BB, nos últimos anos, foi “povoada de dirigentes indicados por familiares e amigos de Bolsonaro, que não cumpriram com as funções de banco público”.

Sobre os lucros do banco ao longo dos anos, ele afirma que os resultados astronômicos – somente no 3° trimestre do ano passado foram R$ 8,1 bilhões- que fazem a empresa desviar do seu papel desenvolvimentista, são conquistados “em benefício do capital especulativo privado, à custa do sacrifício de seus funcionários assediados diariamente para ultrapassar metas abusivas e à custa de sugar recursos da população brasileira a quem deveria servir.”

Com a mudança de rumos no banco, Fukunaga afirma que o banco poderá voltar a se comportar como um banco público e aliado do desenvolvimento nacional.

“A maioria do eleitorado brasileiro escolheu um novo governo que esteja voltado para favorecer os interesses da maioria da população, rechaçando este que vem trabalhando em prol de uma pequena minoria de privilegiados”, disse o dirigente em entrevista ao portal do SP Bancários.

Perfil de Tarciana Medeiros

A nova presidenta do banco nasceu em Campina Grande (PB), é pós-graduada -graduada em administração e negócios pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), foi professora e é funcionária da instituição desde 2000.

Atualmente, Tarciana é gerente executiva, função em que é responsável pela execução das estratégias de relacionamento com os clientes.

Fonte: CUT

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