O preço do negacionismo do governo Bolsonaro

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará

No dia 24 de março, o Brasil atingiu a triste e absurda marca de 300 mil vidas perdidas desde o começo da pandemia do novo coronavírus. Em menos de três meses, o Brasil registrou 100 mil vítimas fatais e tornou-se o principal epicentro da doença em todo o mundo. Esse é o preço do negacionismo do governo Bolsonaro que, ainda assim, não admite ser chamado de “genocida”.

A pandemia segue descontrolada no Brasil, que só depois da marca dos 300 mil mortos, passou a ter um comitê nacional de Covid, anunciado por Bolsonaro, ao ver sua popularidade despencar a cada dia por críticas à gestão da pandemia. Mesmo assim, continua pregando um tal “tratamento precoce” sem comprovação científica, enquanto patina na busca pela aquisição de novas doses de vacinas.

Em pronunciamento à nação, Bolsonaro falou pouco e mentiu muito sobre as supostas ações do governo contra a Covid-19, tentou desfazer a imagem de negacionista e a barreira para a chegada das vacinas, apesar de ter rejeitado por meses propostas de imunizantes e até ter levantado dúvidas, sem provas, sobre a eficácia das vacinas. Além disso, provocava frequentemente aglomerações, não usava itens de proteção individual e minimizava os riscos da doença, para ele apenas uma “gripezinha”, desdenhando também da dor das famílias enlutadas, o que ele chamou de “mimimi”. Foi recepcionado por um imenso panelaço em todo o país.

Os números da pandemia no Brasil são os piores do mundo e já chegou a registrar mais de 3 mil mortes em um único dia. O país está atrás apenas dos Estados Unidos, único país a chegar a um nível diário de mortes por Covid-19 tão elevado. O país americano registrou 4.470 mortes em 11/1/2021, segundo a Universidade Johns Hopkins. O quadro da pandemia de Covid-19 no Brasil se agravou nos últimos dias com o sistema de saúde em colapso com falta de leitos, carência de oxigênio e podendo enfrentar em breve a falta de kits de intubação.

Bolsonaro ignorou e subestimou a realidade da pandemia e levou o país ao colapso. Além disso, o negacionismo do presidente contribuiu com essa tragédia e foi o ponto central que culminou com a sucessão de erros e a total ausência de preparação para um momento como este que o país passa.

É importante destacar que, mesmo sucateado, foi o Sistema Único de Saúde que socorreu a população quando ela mais precisou. E se não fossem os órgãos públicos – Fiocruz e Butantan – sequer teríamos vacinas. Foi ainda a ação dos governadores, em cada estado, que impediu que essa tragédia fosse ainda maior.

Nós, da sociedade civil organizada, acreditamos e defendemos a ciência. Para barrar o vírus precisamos de distanciamento social, redução de aglomerações e uso de proteções individuais. Precisamos conscientizar a sociedade de que sem isso, o vírus não vai embora. Além disso, defendemos a vacina para todos, através do Sistema Único de Saúde, garantindo a distribuição para toda a nação. Vacina é estratégia coletiva e é essencial que chegue para todos, independente de renda ou classe social.

É preciso se combater toda espécie de negacionismo. A pandemia não acabou e o único “tratamento precoce” realmente efetivo é a vacina. Estamos nessa luta com você.

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