Postura intransigente dos bancos contrasta com lucros recordes

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará

Recentemente foram divulgados os balanços financeiros do 3º trimestre dos principais bancos do país e os resultados, mais uma vez, mostram que o setor financeiro é o único que não atravessa crise no Brasil.

Juntos, o Bradesco, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Itaú e o Santander, lucraram R$ 80,9 bilhões nos nove primeiros meses do ano, com alta de 52,3% em relação ao mesmo período do ano de 2020, números muitas vezes melhores do que os do período pré-pandemia.

Além disso, durante a pandemia, os ganhos dos banqueiros só aumentaram com a diminuição de despesas administrativas, como água, energia, serviços de vigilância e segurança, viagens etc. No último ano, até setembro de 2021, os bancos fizeram uma economia de, no mínimo, R$ 511 milhões. Ou seja, o home office dos bancários ampliou os ganhos dos banqueiros e ainda foram necessárias várias rodadas de negociação para garantirmos acordos coletivos aditivos para que esses custos não fossem repassados totalmente para a categoria, conquistando ajuda de custo.

Entretanto, mesmo num cenário tão favorável, os bancos continuam demitindo e fechando agências. Nos últimos 12 meses foram fechadas 1.389 agências físicas e, somente o Bradesco e BB eliminaram mais de 15 mil postos de trabalho. Já as contratações foram realizadas pela Caixa, Itaú e Santander, mas a maioria delas associadas às ocupações ligadas à Tecnologia da Informação, área prioritária de investimento dos bancos.

Agora enfrentamos novos desafios. Além da tentativa de barrar as demissões em plena pandemia, estamos numa verdadeira queda de braço para garantirmos direitos conquistados em acordos aditivos sobre a pandemia. Uma das garantias é que todos os assuntos e mudanças que se referirem aos funcionários devem ser negociadas com as entidades representativas. Mesmo assim, os bancos vêm tomando medidas unilaterais.

Santander e Caixa já voltaram a realizar atendimento presencial em horário igual ao que era feito antes da pandemia, sem negociação com as entidades. Isso sem falar nas metas abusivas e na pressão realizada por muitos bancos pelo retorno ao trabalho presencial, até mesmo para pessoas dos chamados grupos de risco.

Os bancos são uma concessão pública e têm um papel social importante no crescimento de um país, sobretudo nesse período que estamos enfrentando de crise econômica e sanitária. É importante que as instituições financeiras sejam um instrumento para o desenvolvimento econômico e não para fragilizar ainda mais a economia. Além disso, o mínimo que podemos esperar dessas instituições é que cumpram o que está determinado em acordo coletivo, negociado e assinado entre as duas partes, banqueiros e bancários. Estamos atentos e vigilantes e vamos acionar as autoridades cabíveis em caso de descumprimentos de acordo, afinal nossa missão é defender os direitos conquistados pelos trabalhadores bancários. #VidaÉLuta!

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