Rodrigo Britto assume a presidência da Fetec-CUT/CN durante 17ª Conferência Regional

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A 17ª Conferência Regional da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) foi realizada nos dias 14 e 15/5, em Brasília, com a posse do novo presidente da entidade, Rodrigo Britto, em substituição a Cleiton dos Santos Silva, que deixa a presidência após sete anos no posto. A Conferência aprovou as propostas da região à Conferência Nacional dos Bancários.

“É um privilégio e uma honra assumir essa missão de prosseguir o trabalho e concluir o trabalho do companheiro Cleiton à frente dessa grande federação”, disse ao assumir a presidência Rodrigo Britto, diretor da Fetec-CUT/CN, ex-presidente do Sindicato de Brasília, ex-presidente e atual diretor de Comunicação da CUT-DF e um dos vice-presidentes do Conselho Diretor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Veja, ao final, entrevista com o novo presidente da Fetec/CN, Rodrigo Britto.

“É importante que nós, como dirigentes sindicais cutistas, sempre possamos lembrar da nossa origem, que foi construída a partir do trabalho de base, que faz com que as importantes entidades sindicais que temos nessa mesa sejam o principal instrumento de luta dos trabalhadores do ramo financeiro na região Centro-Norte”, acrescentou o novo presidente da Fetec-CUT/CN, que é funcionário do Banco do Brasil. “Enquanto entidade de grau superior, a principal função da nossa Federação é fortalecer cada entidade que aqui está representada.”

Propostas aprovadas

As principais propostas aprovadas pela Conferência, trazidas das bases sindicais, são aumento real de salários, preservação da saúde e boas condições de trabalho, fim das metas abusivas e de qualquer tipo de assédio, contra as demissões e em defesa do emprego dos bancários e cobrança da responsabilidade socioambiental dos bancos.

Os bancários da região também atentaram para a construção de uma pauta ambiental, cobrando responsabilidade socioambiental dos bancos para combater o aquecimento global, além de criar um coletivo de meio ambiente da Federação.

Entrevista

Em visita ao Sindicato dos Bancários do Ceará, entrevistamos o novo presidente da FETEC/CN, Rodrigo Britto, que contou um pouco da sua trajetória no movimento sindical bancário e falou sobre as demandas e os principais desafios dos bancários para 2024. Confira:

Rodrigo, por favor, se apresente para a categoria bancária aqui no Ceará.

Rodrigo – Eu ingressei no movimento sindical do ramo financeiro em março de 2002, no dia 11 de março de 2002 assumi como funcionário do Banco do Brasil, em Brasília, lotado na antiga agência central do banco, que hoje é a agência Setor Bancário Sul, e lá tive a oportunidade pois estava em um ambiente onde pulsava o movimento sindical bancário no Distrito Federal e chegou a oportunidade de ter acesso aos colegas do Sindicato, de conhecer mais o movimento sindical bancário e, obviamente, de iniciar minha militância. Já tinha dentro de casa uma orientação: meu pai era magistrado do trabalho, minha mãe era professora, as primeiras assembleias que eu participei ainda criança era Assembleia do Sindicato dos Professores, que ela me levava, me levava junto para as greves. Então, eu estava sempre junto com minha mãe, tinha esse exemplo, e do meu pai que tinha essa vivência desse conflito de classe enquanto magistrado do trabalho.  Tive um primeiro contato com o Sindicato dos Comerciários e quando saí dessas atividades laborais já foi para ingressar no Banco do Brasil, onde estou completando 22 anos de casa, e obviamente, 22 anos de sindicalizado.

E lá no Sindicato dos Bancários de Brasília, como foi a sua história?

Quando eu entrei no banco, já tive contato com os colegas do Sindicato. Desde 2002, já participava das assembleias do Sindicato. Em 2003, tivemos eleição para delegados sindicais e eu participei no meu local de trabalho. Em 2004, fui convidado pelo então presidente do Sindicato, José Wilson, para fazer parte da chapa que iria disputar a eleição para a gestão 2004/2007 que era encabeçado pelo companheiro Jaci Afonso e tive o privilégio de fazer parte dessa gestão, no primeiro momento, como dirigente sindical de base e, posteriormente, sendo liberado para desempenhar as atividades sindicais quando cuidava das unidades de atendimento do Banco do Brasil, do funcionalismo do BB, que já deu condições de, já na eleição seguinte (2007), disputar a presidência do Sindicato. Então, em 2007 fui eleito, na época com 28 anos, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, entidade que presidi até 2013. Por seis anos estive na presidência do Sindicato, seis anos participando do Comando Nacional dos Bancários, das contratações coletivas gerais da categoria bancária e específica também de funcionalismo do BB e, obviamente, participando de todo o universo de construção de organização dos trabalhadores ramo financeiro. Então 2010 foi o período que me reelegi presidente e fiquei até 2013 à frente do nosso Sindicato e tivemos um período positivo, com aumento de sindicalizados, com avanços na ampliação do ramo financeiro, coisa que não tinha, depois, posteriormente, tivemos financiários e em 2012, dentro de um projeto que nós batizamos como Todo Poder aos Sindicatos, nós disputamos a presidência da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal, fui eleito presidente da CUT de Brasília e concluímos o nosso mandato em novembro de 2019. E aí fui contribuir no Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) e foi um período também muito proveitoso, onde lançamos o portal que acompanhava a atuação dos parlamentares, seja na Câmara Federal ou no Senado, os projetos, quem votou em qual projeto, qual o grau de comprometimento com a classe trabalhadora…

Mas aí você retornou ao movimento sindical?

Assumi um compromisso com atual presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília. Eduardo Araújo, que queria ajudar nesse ano de 2024 o nosso Sindicato em virtude de dificuldades que poderiam ocorrer, principalmente por conta de uma contratação coletiva bastante complicada em virtude das mudanças das alterações que nós tivemos na legislação trabalhista, tanto pela reforma trabalhista de 2017, quanto pela lei que possibilitou contratações que até então eram consideradas fraudes trabalhistas, como contratações de terceirização da atividade-fim, os acordos específicos por bancos como também a convenção dos financiários e outros instrumentos que nós temos de contratação. Eles são muito caros para nós, trabalhadores, pois é fruto de lutas que vieram antes e temos que prezar muito pelo que foi construído, pelo que foi conquistado, a nossa Convenção Coletiva de Trabalho, que é um instrumento único em nosso país, onde nenhuma categoria profissional tem um instrumento igual ao nosso, que garante direitos e conquistas a trabalhadores na iniciativa privada, setor público e de todas as regiões. Assim, nos colocamos à disposição do Sindicato de contribuir nesse processo. Assim, desde a primeira semana de janeiro, estamos no dia a dia com todos os trabalhadores bancários e bancários e do ramo financeiro construindo a campanha nacional de 2024.

E para isso, temos as conferências das Federações. Como foi a Conferência Regional da Fetec CN?

Nós pegamos o compilado de resoluções que foram construídas nos congressos estaduais, fizemos esse processo de amadurecimento das nossas contribuições, fortalecimento das propostas dentro o que é consenso para que possamos levar para a Conferência Nacional dos Bancários e para os congressos nacionais específicos por bancos, construindo a campanha de 2024. Definimos também mudanças na nossa atuação enquanto Federação, para juntos com nossos sindicatos, ao todos temos 13 entidades sindicais, termos uma atuação forte na contratação deste ano dentro dos desafios que serão colocados para nós.

E quais você acha que serão os desafios do ramo financeiro para 2024?

Um deles, infelizmente é o alto índice de adoecimento da categoria bancária, nós somos praticamente 1% dos trabalhadores formais do país, mas nós somos quase 1/4 dos trabalhadores adoecidos em nosso país, afastados muitas vezes, muitos colegas bancários e demais trabalhadores do ramo financeiro que trabalham com atestado médico na gaveta, utilizando remédios que acabam tomando cotidianamente, principalmente, na iniciativa privada, com medo das demissões e, no setor público, com aquela obrigação de ter um cumprimento das metas para não perder a comissão ou não perder remuneração variável.  Então, a questão do adoecimento é um desafio muito grande que vamos ter na contratação coletiva. Outro desafio diz respeito à tecnologia bancária e é uma pauta que une todos os trabalhadores do ramo financeiro. Temos também um problema muito grave que é a precarização dentro do nosso setor, o número de trabalhadores bancários cada vez mais vem diminuindo e muitos alegram a questão da automação bancária. As mudanças nas legislações trabalhistas trouxeram uma facilidade para que houvesse essa precarização e que nossos postos de trabalho fossem colocados em outras categorias do ramo financeiro, que exerce a mesma atividade laboral só que sem a mesma proteção, da nossa Convenção Coletiva de Trabalho. Esse é um mecanismo que as instituições financeiras fizeram para burlar os direitos e conquistas dos trabalhadores do ramo financeiro construídas através de décadas. Precisamos ter mecanismos de combater essa precarização. Outra questão é o atual modelo laboral, principalmente quando discutimos trabalho remoto individual, as plataformas e os novos formatos dos bancos. São modelos que, muitas vezes, dificultam a construção do movimento paredista. Precisamos nos reinventar, ver como utilizar esses novos mecanismos aplicadas de forma favorável aos trabalhadores, para que consigamos ter a pressão necessária para fazer com que conquistemos propostas realmente decentes e que garantam melhorias para o conjunto dos trabalhadores do ramo financeiro. Para os bancos públicos, temos que barrar processos de precarização, com reestruturações que estavam levando essas instituições para o rumo da privatização e temos um desafio de mudar essa rota, de colocar os bancos públicos em rumo de fortalecimento. Reorganizar, principalmente, os planos de carreira, de comissões gratificadas, de jogar para fora desses bancos todas as estruturação e malefícios que foram feitos e fazer algo realmente para fortalecer e valorizar o funcionalismo, assim como também fortalecer as estruturas dos bancos públicos, para que eles possam desenvolver um papel social de fato a serviço do povo brasileiro, pois essas instituições são patrimônios do povo e precisam estar a serviço do povo.

Fonte: SEEB/CE com informações da FETEC/CN

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