Artigo: Defender as empresas públicas é defender o Brasil

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará

Na última semana, as bancadas do PSB, PDT, PT, Podemos e PCdoB na Câmara dos Deputados apresentaram um projeto de lei (PL 3091/2019), subscrito pelas lideranças destes partidos e protocolado dia 22/5, para que as propostas de privatização da Eletrobrás, Petrobras, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal, Correios, Casa da Moeda, BNDES e suas respectivas subsidiárias precisem ser aprovadas por lei.

Para o deputado Danilo Cabral (PSB/PE), idealizador do projeto, é fundamental que haja debate público sobre o tema e a devida discussão no parlamento. A partir desse PL, tais empresas só poderão ser privatizadas por meio de leis que passem pela tramitação no Congresso. Representantes dos trabalhadores se reuniram com o deputado e outros parlamentares para discutir e mostrar seu apoio à propositura.

Todos sabemos que o governo Bolsonaro elegeu como prioridade o desmonte dos direitos dos trabalhadores, da seguridade social e, de forma ferrenha, a entrega das empresas públicas ao capital privado/estrangeiro. Os bancos públicos, assim como outras empresas estratégicas, estão sofrendo sucessivos ataques. Declarações e ações do Ministro Paulo Guedes e de outros representantes do atual governo, indicados para dirigirem essas empresas, atacam não somente a soberania nacional, mas também, de forma covarde e irresponsável, os seus funcionários.

E o governo Bolsonaro não tem perdido tempo para colocar em prática seu plano de desmonte. No dia 16/5, durante cerimônia na Câmara de Comércio Brasil-EUA, Guedes foi aplaudido de pé por empresários americanos quando disse que vai transformar o Brasil em uma economia de mercado, acabar com o monopólio do mercado de petróleo e gás e fundir o Banco do Brasil com o Bank of America, nos mesmos moldes da realizada entre a Boeing e a Embraer. Isso é, definitivamente, o fim da nossa soberania nacional.

Quanto aos bancos públicos, destacamos o papel estratégico que essas instituições sempre tiveram para o desenvolvimento do país. Estes são os principais responsáveis pelo crédito em todo o país: por exemplo, por 100% do crédito imobiliário nas regiões Nordeste e Centro-Oeste e esse percentual chega a 99,9% no Sul, 94,5% no Norte e 66,8% no Sudeste. Na carteira de crédito rural, vemos o mesmo cenário, chegando a 100% de crédito no Norte, 89,5% no Nordeste, 82,1% no Centro-Oeste, 70,8% no Sul e 68,3% no Sudeste.

Além disso, de acordo com o Banco Central, 950 (17%) municípios dos 5.590 municípios brasileiros são atendidos apenas por bancos públicos. Caso estes sejam privatizados, provavelmente 57% das cidades brasileiras ficarão sem agências bancárias. A população destas áreas terá que se deslocar para outros municípios para ter acesso a serviços básicos, como o saque da aposentadoria. São lugares que os bancos privados não querem estar. Para eles, só interessa estar onde conseguem lucrar com a população.

Iniciativas como esse PL são bem-vindas pelo movimento sindical que vê em determinados setores do Parlamento, aliados importantes na defesa das empresas públicas e da soberania nacional. Estaremos na linha de frente dessa luta. A defesa dos bancos e demais empresas públicas é uma das prioridades da categoria bancária.

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