Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará
No primeiro ano de governo Bolsonaro teve mais veneno na comida, mais mortes nas estradas, mais violência contra o meio ambiente (com direito a incêndio na Amazônia e óleo nas praias do Nordeste), contra a dignidade humana e contra a vida e mais ataques aos direitos dos trabalhadores e às entidades sindicais.
Uma série de medidas adotadas pelo presidente desde sua posse faz o dia a dia dos brasileiros ir de mal a pior. Em dezembro, uma pesquisa indica a aprovação de Bolsonaro no patamar de 30%, enquanto a reprovação chega a 36%. O levantamento mostra também que 39% acham que a imagem do Brasil no exterior piorou em 2019. Para comparar, em dezembro de 2003, no fim do primeiro ano do mandato do ex-presidente Lula, 53% achavam que seu governo tinha contribuído para melhorar a imagem do país no mundo e a taxa de aprovação era de 42%. Com Fernando Henrique Cardoso, a aprovação chegou aos 41% da população no fim do primeiro ano. Dilma Rousseff (PT) tinha 59% de aprovação nesse período.
Além de todos os absurdos e desastres administrativos, ainda tivemos as várias denúncias de relação promíscua da família Bolsonaro com os milicianos, inclusive aqueles envolvidos com o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol/RJ). O governo Bolsonaro também é mestre em espalhar fake news. Um levantamento do jornal Folha de S. Paulo apontou que o presidente dá ao menos uma declaração falsa ou imprecisa a cada quatro dias. A incontinência verbal do capitão à frente da Presidência causa estragos à imagem e à economia do Brasil. Isso sem mencionar a verdadeira ojeriza que Bolsonaro tem a jornalistas, ofendendo e denegrindo a imprensa brasileira sempre que é questionado por seus atos ou de seus filhos, assessores ou ministros.
Entre os prejuízos para a classe trabalhadora, destacam-se sete Medidas Provisórias (MPs) envolvendo o mundo do trabalho, além da reforma da Previdência, do fim do Ministério do Trabalho e a carteira verde e amarela. O resultado de tudo isso é um índice de mais de 12 milhões de desempregados, segundo o IBGE.
O movimento sindical também foi duramente atacado em 2019 e teve de enfrentar desafios colocados pelos Poderes, sobretudo o Executivo, para conseguir barrar, ou pelo menos minimizar, uma das agendas mais ameaçadoras contra as conquistas históricas alcançadas pelos trabalhadores, encabeçada pelo governo Bolsonaro.
Mas resistimos. E um dos caminhos dessa resistência foi persistir no diálogo e na sensibilização dos parlamentares. Essa estratégia trouxe resultados positivos, como a supressão de vários pontos da Reforma da Previdência que prejudicariam ainda mais os trabalhadores do setor privado e servidores públicos. Na base do diálogo e do convencimento foi possível também evitar, no Congresso, matérias de iniciativas do governo, como medidas provisórias ou projetos de lei, que acabavam, definitivamente, com direitos dos trabalhadores e dificultavam, inclusive, os descontos das mensalidades às entidades sindicais. Essa resistência será fundamental para que esse processo continue e seja aprofundado em 2020. O ano será de grandes desafios, mas nós não fugiremos da luta jamais.