Os grandes bancos do país lançaram semana passada uma ação conjunta com objetivo de diminuir o impacto das medidas para conter o avanço do novo coronavírus sobre a economia. A promessa anunciada era permitir a clientes a possibilidade de adiar, por até 60 dias, o pagamento de parcelas de empréstimos. Mas quando os correntistas entraram em campo para obter o benefício, a grande maioria se decepcionou. Os canais de atendimento não funcionam, falta informação entre gerentes e a prorrogação é, na verdade, um novo financiamento ou novo contrato, com aumento dos juros.
Segundo os bancos, a possibilidade de adiar os pagamentos de empréstimos tomados pelos clientes está disponível, mas é válida apenas para quem está com a conta em dia. Além disso, afirmam os bancos, para inserir esse tipo de medida extraordinária dentro do sistema operacional da instituição financeira é necessário classificar a operação como uma repactuação ou refinanciamento. O problema é que esses detalhes não ficaram claros assim que a medida foi lançada, dia 16/3. E muitos clientes se sentem prejudicados pelo anúncio, que consideram propaganda enganosa. Na dúvida, os clientes podem procurar o próprio Idec, o Procon ou mesmo a ouvidoria do Banco Central.
Linha de crédito destaca importância da atuação dos bancos públicos – O governo Bolsonaro anunciou, dia 27/3, medidas econômicas adotadas para reduzir os efeitos do novo coronavírus no país. Será criada uma linha de crédito de R$ 40 bilhões. O objetivo é financiar o pagamento dos salários dos funcionários por dois meses. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a linha de crédito emergencial será de R$ 20 bilhões ao mês. Cerca de 85% do dinheiro será capitaneado pelo Tesouro Nacional, por meio dos bancos públicos – Banco do Brasil, Caixa Federal e BNDES. O restante será distribuído pelos bancos privados.
Em tempos em que as instituições financeiras de controle público vinham tendo seu papel social ameaçado pelo sucateamento visando a privatizações, fica ressaltado o papel dos bancos públicos para o Estado proteger a economia – como ocorreu após a crise global de 2008.
O pagamento será destinado diretamente para a conta dos trabalhadores e limitado a dois salário mínimos. As empresas que aderirem à linha de crédito serão proibidas de demitir seus empregados. A expectativa é que 1,4 milhões de empresas entrem no programa.