Bolsonaro faz apologia à exploração sexual das brasileiras

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Num momento no qual as mulheres tentam se defender de assédios e preconceitos diários, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez apologia à exploração sexual das brasileiras, durante um café da manhã com jornalistas, na quinta-feira (25), e convidou os turistas: “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. A atitude foi apontada como criminosa e repercutiu na imprensa e nas redes sociais.


“O que pensar de um governo que incentiva a cultura do estupro, do ódio e do preconceito, enquanto, nós lutamos todos os dias por mais respeito, mais segurança e contra os assédios moral e sexual? Essa atitude é criminosa e inaceitável. É uma vergonha ter um presidente como esse”, disse Elaine Cutis, secretaria da Mulher da Contraf-CUT.


Os dados de violência contra as mulheres são cada vez mais assustadores. O Brasil tem a quinta maior taxa de homicídio de mulheres no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).  Apenas em São Paulo, um levantamento feito pelo G1 registrou um aumento de 76% de casos de feminícidio no primeiro trimestre de 2019. 37 mulheres foram vítimas do crime.


“Nosso país enfrenta desde sempre altos índices de exploração sexual de mulheres. Em 2015, três mil sites foram identificados vendendo turismo sexual, sendo que 124 associados a pornografia infantil, um deles usava a seguinte frase: “Inesquecíveis férias eróticas na bela cidade do Rio de Janeiro. As jovens não serão apenas deusas do sexo, mas também guias turísticas”, afirmou Elaine Cutis.


Corte de investimentos em políticas públicas


A secretaria da Mulher da Contraf-CUT afirma que o governo quer enfraquecer a luta das mulheres “Não bastasse a apologia à violência contra a mulher, o governo também quer nos enfraquecer. O corte de investimento para políticas públicas voltadas para as mulheres é mais uma tentativa de enfraquecer à luta contra esse tipo de prática”, afirmou Elaine Cutis.


De acordo com a pesquisa, realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em agosto de 2018, o corte no orçamento foi de 83% para políticas para mulheres e enfrentamento à violência, 16% para inclusão social por meio do bolsa família, 71,3% para igualdade racial e superação do racismo, 95,6% para os direitos da juventude, 57,9 para a promoção e defesa dos direitos humanos.


“Isso inviabiliza qualquer tentativa de promoção e defesa dos direitos sociais, além de favorecer o descaso e incentivar mais situações constrangedoras para as mulheres. Não podemos deixar que tirem os nossos direitos de viver com dignidade e numa sociedade que seja extinta de qualquer tipo de violência. Para isso, precisamos do apoio do governo e promover políticas sociais e de apoio às mulheres. É fundamental que a população não se cale e denuncie os casos de violência”, disse.