Caixa anuncia novos vice-presidentes. Dois deles não são empregados do banco

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A Caixa Econômica Federal acaba de anunciar a nomeação de quatro novos vice-presidentes nas áreas de Governo, Corporativo, Habitação e Fundos de Governo e Loterias. Os dois primeiros não são empregados e vêm do mercado, seguindo a alteração ocorrida no estatuto do banco neste ano. Para a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração (CA), Rita Serrano, que votou contra a mudança, essas contratações reforçam a cultura privatista que se tenta impor à gestão da instituição.


“O ideal seria a escolha de empregados da Caixa, valorizando a carreira, a experiência em gestão pública que detêm e a transparência dos concursos públicos”, explica Rita Serrano, que também é da Diretoria da Fenae e coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. O processo de seleção foi coordenado por uma empresa de recrutamento, mas a decisão final é dos representantes da Fazenda no CA.


O novo responsável pela vice-presidência Corporativo é o economista João Eduardo de Assis Pacheco que, entre outras instituições, atuou no Santander, Safra e Mercantil de Investimentos. No Governo assume o também economista João Carlos Gonçalves da Silva, que trabalhou na SPDA (Companhia São Paulo de Desenvolvimento e Mobilização de Ativos), da Prefeitura de São Paulo, banco ABC Brasil e banco Fator, assessor técnico em privatizações como no caso da Cedae, no Rio de Janeiro.


Os outros dois vices são empregados: Jair Luis Mahl (Habitação) e Roberto Barros Barreto (Fundos de Governo e Loterias). Ambos ocupam hoje cargos de diretores-executivos. O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, também é contra a retomada da narrativa privatista na Caixa. “A exemplo do que ocorreu na década de 1990, temos que combater qualquer proposta que signifique retrocesso na atuação do banco. Está claro o objetivo do atual e do novo governo: apequenar o banco para, assim, abrir espaço para o setor privado. A pretexto de conferir maior transparência, estão distanciando a Caixa dos interesses da sociedade”, diz.


Rita Serrano lembra que há mais de 30 anos os cargos de diretores têm sido exclusivamente ocupados por empregados de carreira. “Mas agora isso deve mudar, porque foi aprovada uma nova alteração estatutária na qual as áreas Jurídica, Auditoria e Corregedoria poderão contar com contratados externos. Também votei contra essa alteração, porque vai se descaracterizando a gestão pública e se implantando uma cultura de empresa privada no banco, atingindo pessoas e serviços”, alerta.