Confirmado: GDP da Caixa visa forçar “mudança de cultura”

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A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu com o banco dia 27/10 para dar continuidade às negociações sobre condições de trabalho nas agências e departamentos da Caixa. Em pauta, estava o retorno ao trabalho presencial dos empregados de grupos de risco à Covid-19 e temas relacionados ao programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), Programa de Qualidade de Vendas (PQV), PLR, promoção por mérito, cross-selling (venda casada) e assédio.

“Infelizmente não conseguimos debater sobre todos estes temas, pois o que ouvimos sobre o retorno ao trabalho presencial e principalmente sobre a GDP nos deixaram estarrecidos”, afirmou a coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt, ao informar que o banco reconheceu que novos mecanismos da GDP, como a “curva forçada” visam mudar a cultura dos empregados da Caixa e estabelecer valores empresariais de mercado e forçar a competição pela venda de produtos.

Retorno presencial – Logo no início da reunião, a coordenadora da CEE ressaltou que a Caixa é o único banco que convocou até mesmo os empregados que fazem parte dos grupos de risco para o retorno ao trabalho presencial e reforçou o pedido de prorrogação do prazo para as pessoas solicitarem a manutenção do trabalho em home office. A coordenadora da CEE alertou que os cientistas afirmam que o retorno somente deve acontecer quando 70% da população estiver vacinada e o grupo de risco com a dose de reforço e que mães com filhos menores de um ano também devem permanecer em home office, uma vez que é muito curto o tempo para a recolocação das crianças em creches devido à falta e vagas. A representação dos empregados também cobrou que o novo protocolo seja inserido no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e que os gestores de unidades sejam muito bem informados com relação à orientação sobre a possibilidade de contestação do chamado de retorno para os casos específicos. A Caixa se comprometeu a melhorar a comunicação aos gestores e aos empregados.

Contratações – A Caixa informou que no 1º semestre foram contratados 2.800 novos empregados. De agosto até 25/10 foram contratados outros 1.500. A portaria do Ministério da Economia, publicada em agosto, autoriza a contratação de mais 3.300 novos empregados, aproximadamente. “Precisamos que estas contratações sejam realizadas o mais rápido possível para desafogar os empregados que estão sobrecarregados, sem colocar em risco aqueles que têm necessidade de se manterem afastados até que haja segurança para o retorno ao presencial”, cobrou a coordenadora da CEE.

GDP – O ponto mais polêmico da reunião foi o debate sobre as novas medidas do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) implementadas em 2021. Para a coordenadora da CEE, a maior preocupação é com o reflexo da GDP na carreira dos trabalhadores. “Se o banco vai utilizar esta ferramenta para a gestão do desempenho de seus empregados, queremos discutir formas para que a ferramenta não seja utilizada para o assédio, o ranking, enfim, como forma de medir apenas a capacidade de venda de produtos, sem avaliar o desempenho como um todo”, disse. Segundo uma representante da Caixa, o banco quer que seus empregados tenham “valores empresariais” e a “curva forçada”, visa mudar a cultura de trabalho e aumentar o interesse de ascensão profissional, ao ajudá-lo a se comparar com os demais. A CEE sugeriu realizar uma pesquisa conjunta sobre o programa de GDP e os mecanismos utilizados por ele.

A próxima reunião de negociações não foi marcada. O banco entrará em contato com a coordenação da CEE durante a semana para agendar.

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