O lucro somado dos quatro maiores bancos de capital aberto do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, e Santander) no primeiro semestre de 2019 chegou a R$ 42,9 bilhões, com crescimento médio de 20,4% em doze meses e rentabilidade variando entre 17,4%, no Banco do Brasil (BB) e 23,6% no Itaú Unibanco. No caso do Santander, a unidade brasileira foi responsável por 29% do resultado global do banco.
Os principais motivos da alta dos lucros dos bancos no 1º trimestre do ano, segundo análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) são o crescimento das carteiras de crédito e das receitas com essas operações (exceto no Banco do Brasil); a alta no resultado com seguros (Bradesco); a redução das despesas com captação no mercado (exceto BB); a redução das despesas com Provisão para Débitos Duvidosos – PDD (Santander e BB); o controle das despesas com pessoal; o crescimento das receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias; a redução com despesa de operações de empréstimos, cessões e repasses (BB); e a utilização de créditos tributários (BB).
Ativos trilionários
Os ativos somados destes quatro bancos somam R$ 5,4 trilhões, com alta média de 8,7% em relação a junho de 2018. A carteira de crédito total dos três bancos juntos atingiu R$ 2,3 trilhões, com alta de 4,7% no período. Somente a carteira do BB apresentou queda (-0,4%).
No segmento de Pessoa Física, os itens com as maiores altas são empréstimos consignados / crédito pessoal, cartão de crédito e veículos.
Para Pessoa Jurídica, o segmento de micro, pequenas e médias empresas, apresentou variações mais expressivas do que o de grandes empresas.
Com o crescimento das carteiras de crédito dos bancos, as despesas com devedores duvidosos (PDD) tendem a crescer, mas, elas apresentaram queda no Santander (-2,0%) e no BB (-11,6%). No Bradesco, essas despesas tiveram alta em maior proporção do que o crescimento da respectiva carteira (18,5%, enquanto a carteira cresceu 8,7%).
Nas costas dos clientes e dos bancários
Os bancos seguem ganhando com a prestação de serviços e a cobrança de tarifas. No 1º semestre de 2019, um total de R$ 55,8 bilhões saíram dos bolsos dos clientes e foram parar nas contas dos bancos. Em média 5,3% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
Essa receita secundária cobre com folga as despesas de pessoal dessas instituições, incluindo-se, nessa conta, o pagamento da Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR). A cobertura das despesas de pessoal mais PLR por essa receita secundária dos bancos variou entre 115% (no BB) e 198,3% (no Santander – cobrindo quase duas folhas de pagamento). No Itaú, a cobertura foi de 161,0%.
Com relação aos postos de trabalho nos bancos o saldo foi negativo no Itaú e no BB. Nos dois bancos foram fechados 983 e 1.507 postos, respectivamente, em doze meses. No caso do Itaú, o banco aponta que esse saldo negativo se deve ao fechamento de agências no período.
No Santander, foram abertos 904 novos postos de trabalho, enquanto no Bradesco, o saldo foi 1.515 novos postos abertos para atender a ampliação da área de negócios do banco.
Digitalização das agências
Quanto à rede de agências, Santander abriu 40 novas agências em doze meses. No Itaú, por sua vez, foram fechadas 199 agências físicas no mesmo período (195 apenas no segundo trimestre) e abertas 36 agências digitais, as quais já somam 196 unidades. Bradesco e Banco do Brasil fecharam, respectivamente, 119 e 48 unidades, em um ano. O BB já conta com 162 escritórios (agências) digitais, 9 deles foram abertos de junho de 2018 a junho de 2019.
As apostas e os investimentos dos bancos seguem no sentido da priorização pelo atendimento digital. Agências digitais, agências-café (com outros espaços e serviços no mesmo ambiente do atendimento bancário – o que traz grandes preocupações quanto a segurança desses ambientes; além da condição de trabalho/saúde desses bancários), aplicativos para smartphones, inteligência artificial, entre outros.