O Sindicato dos Bancários do Ceará repudia o aparente desconhecimento do governo federal com relação à importância do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para o desenvolvimento da região. Na última semana, o secretário de Desestatização e Desinvestimentos do Governo Federal, Salim Mattar, simplesmente ignorou a existência de bancos regionais, como BNB e Basa. Disse ele: “na cabeça do presidente Bolsonaro e de seus principais assessores, a ideia é fechar muitas estatais. Deverão permanecer Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica. Só”.
As palavras do secretário repercutiram negativamente na imprensa cearense e foi matéria de capa do jornal O Povo e tema de seu editorial, na edição de 31/1. De acordo com o jornal, para a especialista em desenvolvimento regional, Tânia Bacelar, a declaração do secretário retrata que a discussão sobre os bancos públicos brasileiros ainda não foi aprofundada. Entretanto, a fala é uma sinalização de que o desenvolvimento regional não é uma prioridade.
Segundo o jornal apurou, junto ao BNB, não houve qualquer informação no sentido de privatização. Procurado pela reportagem, o coordenador da Comissão Nacional dos Funcionários do BNB (CNFBNB) e diretor do SEEB/CE, Tomaz de Aquino, destacou que não é a primeira vez que o Banco se vê ameaçado, porém a demora em relação à nomeação da nova diretoria do BNB não é bom sinal. “O silêncio é o que nos deixa apreensivos. Nunca tivemos um hiato tão grande entre a nomeação dos presidentes da Caixa e do Banco do Brasil em relação aos bancos regionais”, disse ele ao jornal O Povo.
O Sindicato dos Bancários do Ceará reforça que estará à frente da defesa do BNB como o principal agente do desenvolvimento da região Nordeste e do seu papel fundamental no combate das desigualdades regionais. Em 30 anos, somente com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), gerido pelo BNB, foram investidos em torno de R$ 250 bilhões, metade destinada a micro e pequenos empreendimentos. Seria uma irresponsabilidade imensa acabar com um banco que realiza esse importante papel social.
“A posição do Sindicato é de defesa incondicional não só da permanência, mas do fortalecimento do BNB como o principal instrumento de incentivo ao desenvolvimento e região nordestina. Ressaltamos o papel indispensável do Banco do Nordeste como o principal financiador do Programa Nacional de Agricultura Familiar no Nordeste e o maior agente de microcrédito na América Latina, através dos programas Credi e AgroAmigo. No exercício de 2018, o BNB aplicou mais de R$ 40 bi na economia do Nordeste, sendo R$ 30 bi oriundos do FNE, notabilizando-se como eficiente e competente gestor do maior fundo constitucional do País, assegurado pela Constituição de 1988. E pensar que em 2003, nos exteriores do governo neoliberal de FHC, as aplicações totais do BNB, no exercício, atingiam apenas míseros R$ 240 milhões e alguns trocados. Era o fim anunciado por inanição. Fomos salvos pela eleição do governo democrático e popular capitaneado pelo presidente Lula. Essa é a pura realidade dos fatos, querendo ou não, os antipetistas fundamentalistas. O que está para acontecer com a eleição de um governo de ultradireita, irresponsável e incompetente, pode ser ainda pior do que aconteceu na década de 90. O Sindicato, mais una vez, montará trincheira de luta para defender, com unhas e dentes, o BNB. Mas precisa da participação efetiva dos funcionários da Instituição. É melhor prevenir do que chorar o leite derramado. Vamos nos juntar aos setores empresariais, políticos e sociais que queiram, sem medo e titubeios, defender o Nordeste. Mas como cobrar isso de outros atores se os funcionários não estiverem na linha de frente dessa trincheira? O momento não é para vacilos. É de ação concreta e firme. Esse é o nosso chamamento”, afirma Tomaz de Aquino, diretor do Sindicato e coordenador da CNFBNB.