“Tempos modernos” instauram clima de terror no Itaú

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Empresa mais lucrativa do país, o Itaú está instalando um clima de terror por causa da reforma trabalhista, do avanço da automação dos processos e do plano de demissão voluntária. Os bancários estão inseguros e adoecendo por causa das mudanças.


A reforma trabalhista, que prometeu “modernizar” as relações de trabalho e criar seis milhões de empregos, está gerando apenas precarização e insegurança no mercado de trabalho e também no Itaú. A nova lei legalizou a terceirização sem restrições e a pejotização – contratação de empregados em regime Pessoa Jurídica. E o Itaú está se valendo amplamente dessa ”flexibilização” para reduzir os seus custos trabalhistas e aumentar ainda mais os seus lucros estratosféricos.


Os contratados como terceirizados e pessoas jurídicas dividem o mesmo espaço de trabalho dos bancários e têm acesso aos mesmos sistemas. E muitos desses trabalhadores terceirizados e pejotizados estão acionando os Sindicatos para questionar as condições vulneráveis que eles enfrentam, porque ganham menos do que os bancários, executam as mesmas funções, são cobrados da mesma forma  e não possuem os mesmos direitos e conquistas. E ainda levam o rótulo de trabalhadores ‘terceirizados’. Isso também tem gerado um ambiente de competitividade agressiva entre os bancários e os terceirizados para ver quem vai ser demitido.


Levantamento da CUT, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que os terceirizados ganham em média 25% menos do que os empregados diretos – e no setor bancário chega a ser 70% menos –; têm jornadas maiores (trabalham em média 3 horas a mais por semana) e ficam menos tempo em cada emprego (em geral são demitidos antes de completar três anos de contrato, enquanto que a média de permanência do funcionário direto é de 5,8 anos).

Automação dos processos


Mas não é só com a terceirização e a pejotização que o Itaú busca aumentar seus lucros por meio da redução dos custos trabalhistas. O banco está investindo pesado na automação. E essa outra modernidade está sendo implantada de uma forma cruel: consultores são contratados pelo banco para seguir a rotina de trabalho nos departamentos a fim de observar processos que podem ser automatizados. 


Plano de Demissão Voluntária


Para completar, o Itaú abriu um Plano de Demissão Voluntária que pretende dispensar 6,7 mil empregados. E os critérios do PDV deixam claro os perfis de trabalhadores que o banco quer eliminar: aqueles com mais de 55 anos de idade; que tenham apresentado algum tipo de afastamento médico, físico ou psiquiátrico; cipeiros e dirigentes sindicais. Todo esse cenário instalou um clima de terror. O ambiente organizacional está muito pesado. Muitos desses trabalhadores estão adoecendo emocionalmente, muitos deles estão sofrendo de síndrome do pânico, síndrome de burnout, crise de ansiedade, porque não sabem até quando terão emprego.


Segundo o balanço semestral do banco, apenas com a receita de prestação de serviço e tarifas (R$ 19,301 bilhões), o Itaú cobre em 160,9% o total das suas despesas com pessoal. Mesmo assim, o banco eliminou 1.048 postos de trabalho entre março e junho de 2019. O Sindicato cobra do Itaú a abertura de postos de trabalho e respeito aos trabalhadores por meio da equiparação de salários e extensão dos direitos e garantias da Convenção Coletiva de Trabalho para todos.