Voz contra privatização dos bancos públicos é potencializada no seminário O Brasil é Nosso

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Refletir sobre os processos de desmonte do patrimônio público em andamento no Brasil e a importância dos bancos públicos para assegurar a soberania nacional e um país mais justo e igualitário pautou o debate do seminário “O Brasil é nosso – Em defesa dos bancos públicos e da soberania nacional”, realizado nesta terça-feira (29), no teatro do Sindicato dos Bancários de Brasília. A 21ª Conferência Nacional dos Bancários, ocorrida no início de agosto, em São Paulo definiu a defesa da soberania nacional como um dos eixos prioritários de autuação da categoria.


Promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), o evento reuniu economistas, lideranças sindicais, parlamentares e dirigentes de entidades representativas dos trabalhadores da Caixa, Banco do Brasil e bancos regionais, como o Banco de Brasília (BRB). Para os participantes do seminário, a política neoliberal do governo Bolsonaro ataca por todos os lados o patrimônio brasileiro e promove a retirada de direitos dos trabalhadores.


A presidenta da Contraf/CUT, Juvandia Moreira, lembrou que os bancos públicos são ferramentas que tem ajudado e podem continuar contribuindo para o desenvolvimento econômico e geração de renda. Segundo a dirigente, essas instituições promovem o desenvolvimento regional de forma igualitária, reforçando a soberania nacional.


“A política econômica do Paulo Guedes é atacar essas ferramentas, diminuindo o papel do estado e entregando as riquezas do país”, ressaltou. Para Juvandia, os bancos públicos estaduais, regionais e os que atuam em âmbito nacional, ajudam a promover sonhos, igualdade e justiça. “O povo brasileiro precisa defender essas ferramentas que podem viabilizar o sonho da casa própria, do saneamento, da agricultura familiar, da educação”, acrescentou.


Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, o país atravessa um momento difícil, marcado por um retrocesso. Por isso é necessária uma postura de enfrentamento contra uma gestão que desestrutura o estado democrático e retira direitos dos cidadãos que mais precisam de oportunidades.


“O que este governo tem promovido é o fatiamento de empresas como a Caixa, com 158 anos de existência e que cumpre um papel relevante no desenvolvimento do Brasil. Venderam a Loteria Instantânea na semana passada, que repassava para programas sociais em torno de 37% do que arrecadava. Querem também retirar da Caixa a centralização do FGTS”, citou Jair Ferreira durante o evento.


Os trabalhadores rurais foram representados no seminário pelo presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Aristides Veras dos Santos. “Os agricultores, especialmente do Nordeste, só passaram a ter acesso a financiamento público a partir de 2003, com a atuação dos bancos públicos. Até então, as políticas do governo não contemplavam o pequeno agricultor. Se os bancos públicos não continuarem investindo na agricultura familiar, os bancos privados não vão fazer isso, porque visam apenas o lucro”, disse.


A abertura do seminário contou com a participação das deputadas federais Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Erika Kokay (PT-DF), dos deputados federais Daniel Almeida (PC do B-BA), Zé Carlos (PT-MA) e Alexandre Padilha (PT-SP), e do senador Jaques Wagner (PT-BA).


MANIFESTO


No encerramento do seminário “O Brasil é nosso – Em defesa dos bancos públicos e da soberania nacional”, os conselheiros dos bancos públicos eleitos pelos trabalhadores divulgaram manifesto repudiando o direcionamento político e econômico do atual governo, que tem resultado no desmonte do patrimônio público brasileiro. O documento foi assinado pela conselheira da Caixa, Rita Serrano; Débora Fonseca (BB), Willian Saab (BNDES), Inálio Vieira Cruz (Basa) e Rheberny Oliveira (BNB).


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