Bancários engajados na luta contra a violência às mulheres

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Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará

A violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública que atinge pessoas de todas as etnias, religiões, escolaridades e classes sociais. É uma grave violação dos direitos humanos e liberdades fundamentais e precisa ser denunciado por todos.

Recentemente, em alusão ao Dia Internacional de Não Violência contra a Mulher, 25 de novembro, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal enviaram comunicados aos seus funcionários incentivando-os a se engajarem nessa luta.

De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, durante a pandemia, caíram os registros nas delegacias relacionados a agressões em decorrência de violência doméstica (-9,9%), mas aumentaram as chamadas para o 190 (3,8%) e cresceu o número de feminicídios (1,9%). Em nível mundial, a ONU advertiu que seis meses de restrições sanitárias poderiam ocasionar 31 milhões de casos adicionais de violência sexista no mundo, sete milhões de gravidezes não desejadas, além de colocar em risco a luta contra a mutilação genital feminina e os casamentos arranjados.

A saúde emocional das mulheres é direta e substancialmente comprometida quando ela se encontra em uma situação de violência, geralmente em âmbito doméstico e, muitas vezes, invisível fisicamente.

A categoria bancária sempre teve uma forte atuação nas questões de gênero, tanto que foi a primeira a conquistar a Cláusula de Igualdade de Oportunidades em acordo coletivo e uma mesa de negociação permanente. Sempre pioneiros, os bancários avançaram também na luta contra violência contra a mulher. A Convenção Coletiva de Trabalho, assinada em setembro deste ano entre Fenaban e entidades sindicais, possui cláusula específica sobre a prevenção à violência contra a mulher que se destina a auxiliar as bancárias que necessitam de ajuda para superar situações de violência doméstica e familiar, com o objetivo de romper o ciclo dessa violência.

É de suma importância que os bancos tenham iniciativas desse tipo, inclusive divulgando que o movimento sindical construiu, junto à Fenaban, um canal para atender as bancárias vítimas de violência doméstica. Isso nos ajuda a cobrar dos gestores de cada agência e departamento o compromisso e outras ações contra a violência às mulheres para reforçar o canal de atendimento às bancárias vítimas de violência. Entretanto, além de um comunicado, é importante que os bancos façam um treinamento para que os gestores entendam como tratar possíveis demandas, garantindo sigilo e encaminhamento adequado.

Ainda há muito que se avançar, principalmente no que diz respeito à valorização da igualdade entre homens e mulheres no que diz respeito à ascensão profissional e de carreira, uma vez que ainda se constata nos bancos que quanto mais altos os cargos, menor o número de participação de mulheres. Este também é um tipo de violência contra as mulheres que precisa ser corrigido.

Esses dados são estarrecedores, pois impactam toda a sociedade. Todos perdem com a violência e com o feminicídio. Por isso, o diálogo e a conscientização devem ser permanentes em nossas vidas e principalmente nos locais de trabalho. Converse, se posicione, faça sua parte. Denuncie pelo 180 ou pelo canal interno de cada banco. Não se omita! Estamos sempre #NaLutaComVocê.

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