Folha de São Paulo publica intenção do presidente do Santander em reduzir direitos dos funcionários

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O jornal Folha de São Paulo publicou na última sexta-feira, 26/6, uma reportagem sobre a intenção do presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial em reduzir direitos dos funcionários que se encontram em trabalho remoto. Na reportagem “Funcionário em home office pode abdicar de benefícios ou parte do salário se quiser, diz presidente do Santander”, Rial deixa claro que pretende reduzir custos para quem está em home office durante a pandemia. Confira a reprodução do texto do jornal paulista:


O presidente do Santander, Sergio Rial, afirmou que o banco estuda qual a melhor maneira de implementar o home office para seus funcionários, e que uma das condições em avaliação para o modelo seria a “abdicação voluntária” de benefícios ou de uma porcentagem do salário por parte dos funcionários.

Entrevistado pelo estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, em uma transmissão ao vivo, promovida pelo próprio banco, Rial disse que essa abdicação voluntária de benefícios ou parte do salário faria sentido para o funcionário que optasse pelo trabalho remoto, uma vez que gastaria menos tempo e dinheiro para ir até a empresa.

“Se tudo isso te poupa tempo, você deixa de gastar com combustível, tua vida fica mais fácil até sob o ponto de vista econômico, por que não dividir algumas coisas dessas com a empresa? Por que não pode ser um voluntário com a abdicação de algum benefício, de algum salário? Desde que seja voluntário”, afirmou o presidente do banco no vídeo.

Segundo Rial, o novo “caminho” para o home office no banco, que ainda está em análise, será construído em conjunto, por meio de diálogo entre direção e funcionários. A íntegra da transmissão está disponível no canal do Santander Brasil no Youtube. O trecho da entrevista que trata sobre o home office pode ser visto aos 24 minutos e 31 segundos de vídeo.

A assessoria de imprensa do banco disse, por meio de nota, que a redução na remuneração de trabalhadores em home office está fora de questão. “O Santander esclarece que, embora o sistema de home office a ser adotado pela organização esteja em definição, a hipótese de reduções na remuneração dos funcionários está absolutamente fora de questão neste contexto”, diz o texto.

Para a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, a declaração de Rial foi absurda. “Quer dizer que o trabalhador reduz seus custos para a empresa, tendo de pagar sua internet, energia elétrica e toda a estrutura para trabalhar em casa e ainda tem de abrir mão de parte de seu salário e benefícios? A ganância dos bancos não tem limite”, afirmou.

Segundo Rial, mesmo com o enorme universo de funções dentro da indústria bancária que permite o home office, ainda há um aprendizado nesse modelo de trabalho, e sua implantação em escala precisa de uma discussão mais ampla. “Primeiro, é preciso diferenciar o que é estar ocupado e ser produtivo. Estar ocupado não é necessariamente começar uma call [teleconferência] às 7h da manhã e terminar às 8h da noite, porque pode ser que, em alguns casos, você não tenha realizado nada relevante para o cliente. Essa esteira tática não é sustentável”, afirmou.

O executivo disse também que ainda considera como definir índices de produtividade que façam sentido ao trabalho remoto, bem como escolher em quais as áreas o home office pode ser implementado. Rial afirmou que também avalia colocar um prazo mínimo de dois anos para os funcionários que optarem ao trabalho remoto. “Mas neste caso, [o funcionário] também tem que estar no escritório pelo menos uma vez por semana, porque senão você terceirizou a sua cultura. E nós não queremos terceirizar nossa cultura, queremos que a pessoa permaneça conectada”, disse.


 

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