Empresa mais lucrativa do país, o Itaú está instalando um clima de terror por causa da reforma trabalhista, do avanço da automação dos processos e do plano de demissão voluntária. Os bancários estão inseguros e adoecendo por causa das mudanças.
A reforma trabalhista, que prometeu “modernizar” as relações de trabalho e criar seis milhões de empregos, está gerando apenas precarização e insegurança no mercado de trabalho e também no Itaú. A nova lei legalizou a terceirização sem restrições e a pejotização – contratação de empregados em regime Pessoa Jurídica. E o Itaú está se valendo amplamente dessa ”flexibilização” para reduzir os seus custos trabalhistas e aumentar ainda mais os seus lucros estratosféricos.
Os contratados como terceirizados e pessoas jurídicas dividem o mesmo espaço de trabalho dos bancários e têm acesso aos mesmos sistemas. E muitos desses trabalhadores terceirizados e pejotizados estão acionando os Sindicatos para questionar as condições vulneráveis que eles enfrentam, porque ganham menos do que os bancários, executam as mesmas funções, são cobrados da mesma forma e não possuem os mesmos direitos e conquistas. E ainda levam o rótulo de trabalhadores ‘terceirizados’. Isso também tem gerado um ambiente de competitividade agressiva entre os bancários e os terceirizados para ver quem vai ser demitido.
Automação – Mas não é só com a terceirização e a pejotização que o Itaú busca aumentar seus lucros por meio da redução dos custos trabalhistas. O banco está investindo pesado na automação. E essa outra modernidade está sendo implantada de uma forma cruel: consultores são contratados pelo banco para seguir a rotina de trabalho nos departamentos a fim de observar processos que podem ser automatizados. A função do consultor é sugerir um sistema que faça todas essas consultas de forma robotizada. Esse processo está criando um clima de muita preocupação entre os trabalhadores porque eles não sabem se no dia seguinte perderão o emprego para um sistema.
PDV – Para completar, o Itaú abriu um Plano de Demissão Voluntária que pretende dispensar 6,7 mil empregados. E os critérios do PDV deixam claro os perfis de trabalhadores que o banco quer eliminar: aqueles com mais de 55 anos de idade; que tenham apresentado algum tipo de afastamento médico, físico ou psiquiátrico; cipeiros e dirigentes sindicais.
“Todo esse cenário instalou um verdadeiro clima de terror. O ambiente organiza-cional está muito pesado. Muitos trabalhadores estão adoecendo emocionalmente porque não sabem até quando terão emprego”
Ribamar Pacheco, diretor do Sindicato e representante da Fetrafi/NE na COE Itaú