Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará
O ano de 2019 tem se mostrado de muitos desafios para a classe trabalhadora, sobretudo para a categoria bancária. Com base nisso, bancários de todo o país estiveram reunidos no último fim de semana durante a 21ª Conferência Nacional dos Bancários, em São Paulo, onde foram aprovadas as resoluções que vão nortear o movimento sindical bancário no próximo período. A categoria debateu o engajamento nas lutas em defesa da soberania nacional, do emprego e contra as privatizações do patrimônio público.
Em consulta realizada com a categoria bancária, 76% da categoria bancária demonstrou ser contra a Reforma da Previdência e 82% acreditam que as mudanças feitas pelo governo Bolsonaro estão aprofundando as desigualdades sociais no Brasil. Outra bandeira fundamental da categoria atualmente, a defesa dos bancos públicos é classificada como muito importante por 72% dos trabalhadores e como importante por 17% das consultas.
Outro ponto debatido durante o evento foi o futuro do mundo do trabalho diante do crescimento das novas tecnologias. Dados do Dieese mostram que, desde 2014, os bancos investiram R$ 97,7 bilhões em tecnologia. Com isso, tem crescido o volume de transações bancárias realizadas por meio tecnológico enquanto diminuem, sistematicamente, os postos de trabalho bancário, já que boa parte do que é realizado hoje pelo profissional bancário está sendo transferido para o consumidor através de aplicativos de smartphones e outros canais digitais. Por sua vez, os clientes vêm pagando cada vez mais caros por esses serviços e os bancos só lucram: cortam postos de trabalho e ainda cobram mais dos seus usuários.
Desde 2012, cerca de 60 mil postos de trabalho bancário foram cortados, o que representa mais 11% da categoria em um curto espaço de tempo. Por isso, a defesa do emprego foi elencada, durante a Conferência, como um dos principais desafios da categoria bancária para o próximo período.
A soberania nacional também foi um tema abordado pela categoria, principalmente sobre a necessidade de as forças populares ainda assimilarem a sua importância. A soberania é o direito que a população tem sobre suas riquezas, sobre suas empresas. Soberania nacional significa o futuro de um país, e esta está sendo duramente atacada pelo governo Bolsonaro.
Outra bandeira de luta importante da categoria é a defesa do nosso patrimônio público e por isso, a categoria defende sua posição contrária às privatizações. Há décadas assistimos à desnacionalização com as privatizações iniciadas no governo FHC. Foram interrompidas nos governos Lula e Dilma, mas foram retomadas no governo Temer, que começou a entregar o Pré-sal e depois a Embraer. Agora, Bolsonaro intensificou essa agenda com muito mais voracidade, com essa sanha de querer se livrar dos bancos públicos, principalmente, da Caixa e do Banco do Brasil. E assim vai continuar com outros ramos, como as hidrelétricas.
Para nós, bancários, a defesa do patrimônio público soma-se à luta por mais contratações e contra a precariedade das condições de trabalho. Nacionalmente, temos o embate contra a reforma da Previdência e a defesa da democracia, sem a qual nenhuma reivindicação será possível. Nosso futuro vai depender de muita determinação e resistência. Essa será a nossa missão: defender os trabalhadores, os direitos, os empregos, a democracia e a soberania nacional.